Pelos deuses do chocolate! Eu estava pirando. PIRANDO! Era muito doce pra minha cabeça, barriga, espírito, e qualquer coisa. Pra onde eu olhava tinha chocolate, por um segundo imaginei todas as pessoas como imensos humanos de chocolate dançando uma musiquinha em japonês enquanto algodão doce e balas coloridas choviam do céu.

A minha "Visão Quinn" foi desativada e me trouxe a realidade quando as minhas consciências esquisitas começaram a falar. Eu já deveria ter comido o dobro do meu peso em chocolate e o pior é que eu aguentava mais. Como? Eu não sei, vai ver era um superpoder que eu tinha evoluído que me deixava comer quanto chocolate eu quisesse. O problema? Tinha quase a total certeza de que depois passaria mal. É, eu iria passar mal, porém a festa ainda não tinha acabado e muito menos o chocolate então até eu começar a me sentir enjoada continuaria a comê-lo incansavelmente. Mais pessoas chegavam a cada minuto o que só me fazia pensar que logo o chocolate acabaria.

Bati na minha cabeça algumas vezes como quando se quer consertar uma tv ou rádio quebrado. Eu não era a pessoa mais normal dali, mas aparentemente era a que mais estava se divertindo. Sem contar, que algumas pessoas já chegavam com caretas feias ou simplesmente não fazia absolutamente nada de divertido. Onde estava o espírito de alegria? Onde estava a alma chocolatra? Onde estava… Espera, onde estava meu relógio? Era só o que faltava, uma ladra ser roubada! Dei de ombros e voltei a me deliciar com o chocolate até que tive uma ideia simplesmente genial. Tudo bem que todas as minhas idéias eram geniais, mas aquela ali era a mais genial de todas por enquanto! Tirei a blusa de mangas compridas que vestia ficando apenas com uma regata preta que havia colocado por baixo. Enfiei um bombom de licor na boca e abaixei-me como um maratonista prestes a iniciar uma corrida. Preparar… Apontar… GO, GO GO!. Sai em disparada em linha reta correndo na direção de Allun que estava muito próximo da margem do rio de chocolate.


Quando estava bem próximo dele saltei pulando em suas costas. O impacto causado foi forte o bastante para derruba-lo e à mim dentro do rio. Uma onda enorme foi provocada encharcando de chocolate qualquer um que estivesse perto da margem do delicioso rio. Emergi do rio enquanto apoiava minhas mãos nos ombros de Allun forçando-o a ficar ali embaixo, apesar de que sabia que não conseguiria isso por muito tempo por conta de ele [E a maioria das pessoas dali] ser mais forte que eu.

– CHOCOLATEEEEEEEEEE! – Gritei pela terceira vez enquanto jogava o chocolate do rio para o alto como uma chuva de chocolate que ia de encontro ao resto das pessoas da festa. Notei então que essa tinha sido a única palavra que eu havia dito o dia todo, e acho que poderia ser a única palavra do dicionário, assim facilitaria bastante diálogos e escritas.

PEOPLE: Lunildes e o povo perto do rio • TAGS: chocolate, yo! • MUSIC: shoot to the trill • CLOTHES: [Apenas Administradores podem visualizar links] • NOTES: CHOCOLATE, CHOOOCOLAAATEEE! *morre*

Philosophy, half-brothers...
and chocolate.

Eu espero sinceramente que, quando eu morrer, eu vá para os Campos Elísios, o lugar no Mundo Inferior onde ficam os corajosos, os heróis de uma vida. Mas, melhor ainda será se nos Campos Elísios tiverem chocolate. Será que os mortos comem? É, não sei. Mas se o fazem, muito provavelmente comem chocolate. Sério, quem é que não gosta de chocolate, de doces em geral? Comer é um dos poucos prazeres que eu me permitia, seguido apenas de dormir e meditar na beira do lago do acampamento.

Fui com Kyle até a porta da grande construção onde aconteceria a festa, e ele me pareceu um pouco tenso, por motivos que não pude descobrir. Franzi as sobrancelhas, procurando rapidamente ao meu redor alguém que pudesse ter causado essa impressão nele, mas ainda não o conhecia tão profundamente para encontrar o que procurava. Mordi o lábio esperando que tudo melhorasse e entramos no anfiteatro admirando os detalhes que ainda não tinha nem imaginado que estariam ali. Cada mesa cheia de doces me dava água na boca de uma maneira que eu nunca senti antes, mas eu precisava me controlar. É difícil encontrar um semideus acima do peso ali no acampamento, pois a rotina de treinos e atividades físicas que temos ali impede substancialmente que isso aconteça. Mas eu também não precisava passar mal no dia seguinte, e isso sim era uma coisa provável de acontecer. Então, sem exageros. Era a regra principal que regia minha vida.

Segui com meu meio-irmão até uma mesa mais próxima de uma pista de dança, onde muitos jovens dançavam ao som do que eu imaginava serem as músicas eletrônicas que faziam sucesso atualmente. Controlei-me para pegar uma bandeja de bolinhos de chocolate com amendoim e comê-los um de cada vez. Kyle virou-se para mim e sorriu, e pude ver que seus dentes já estavam sujos de chocolate. Ficou uma cena engraçada e não pude deixar de rir, mas pensei que eu provavelmente estaria numa situação idêntica ou pior que a dele. Ele também pareceu um pouco chateado, de forma que toquei em seu braço e disse com sinceridade. ― Desculpe. ― Sorri para ele e ganhei um pouco de chocolate líquido no nariz. Fingi estar brava, mas logo em seguida caí na risada. Era difícil ficar séria na companhia dele.

Depois de algum tempo, onde eu já tinha provado uma boa parte dos chocolates ali (mas isso era apenas um pequeno percentual do que a festa oferecia), procurei ir para mais perto do rio de chocolate, que chamava um pouco minha atenção. Mas um garoto que estava lá perto do rio, comendo bombons brancos, prendia minha atenção de uma forma que eu tinha que colocar toda minha força de vontade para não ficar encarando-o. Eu já o conhecia de vista desde que entrei no acampamento. Mas, nunca conversei diretamente com ele, a não ser nas reuniões dos monitores de chalé, já que o mesmo era conselheiro do chalé XIV. ― Allun. ― Sussurrei em um tom que apenas Kyle poderia escutar, respondendo a sua pergunta de uma maneira também direta, mas sem desviar o olhar, corando um pouco por ter sido tão óbvia em minhas intenções.

O jovem filho de Perséfone mexia comigo de uma maneira estranha, considerando que eu só sabia o nome dele. Mas havia algo em seu olhar, em seu jeito de falar, que me deixava hipnotizada. Mas, por incrível que pareça, eu era tímida demais para começar uma conversa com ele. Enquanto ruminava estes e outros pensamentos, mal senti uma pessoa correndo como uma flecha bem perto de mim. E empurrando Allun no rio. E dando um banho de chocolate em mim, Kyle e todos que estavam admirando a correnteza de chocolate.

― OUCH ― eu estava sem palavras, pois nunca imaginei que uma situação dessas fosse acontecer. Tentei ver o campista que causou essa comoção, mas ele provavelmente estava no rio também. E eu estava com chocolate demais no rosto para enxergar direito.

take flight, Watch me fall above, Like a vicious dove
, They don’t see me come, Who can blame then, They never seem to catch my eye, But I’ve never wondered why.

Alguém importante...

Enfim estou sozinho novamente. Meus irmãos se dispersaram pelo Anfiteatro e o Clark pareceu ter tomado seu rumo fora da festa. Bebo mais um gole de minha bebida e observo que uma movimentação no Rio de Chocolate. Acho que alguém acabou de ser empurrado la dentro. Decido de imediato não me envolver, depois da pergunta que o Coração de Neve me fez a pouco, fiquei meio desconcertado e ainda estou atônito. Começo a sentir que estou exagerando no chocolate, então deixo minha bebida em cima de uma mesa e começo a caminhar pela festa. Meus pensamentos estão confusos, lembrar que lutei ao lados dos Gigantes não me fez nada bem, preciso então esquecer isso. Caminho distraidamente e esbarro em alguém. Derrubo alguns docinhos de uma mesa sem querer e me abaixo para pegar. A garota se abaixa ao mesmo tempo e então ergo o meu rosto para ver quem era...

- Julieeeeeeeet! - grito sem nem pensar duas vezes.

just stay strong...

Is there a right way for how this goes?You got your friends, and you got your foes. They want a piece of something hot, forget your name like they forgot. Ain’t that something? Some wanna see you crash and burn, and criticize your every word. I’m tryna keep from goin’ insane, ain’t that the way of this whole damn thing? Trying to be something, more... Nobody’s gonna love you if you can’t display, a way to capture this. Nobody’s gonna hold your hand and guide you through... No, it’s up for you to understand. Nobody’s gonna feel your pain when all is done, and it’s time for you to walk away. So when you have today you should say all that you have to say.

E lá estava eu do lado de fora daquela festa que acontecia dentro do anfiteatro, sem nenhuma vontade de entrar, querendo voltar para o meu chalé e dormir a noite inteira. Era certo que meus irmãos não estavam me conhecendo mais, mas não tiro a razão deles; eu mesma não estava entendendo o que tinha acontecido comigo. Na verdade, eu sabia sim. Perder um familiar não é fácil para ninguém, ainda mais se é seu pai ou sua mãe. No meu caso foi meu pai, eu havia perdido o homem que me ensinou tudo o que eu sei e que sempre me ajudou em tudo durante a minha vida de semideusa. Eu não queria voltar para o acampamento, mas papai não gostaria que eu ficasse sem vir, ainda mais eu sendo uma integrante do grupo de conselheiros que sempre ajudava Quíron. Então eu voltei, mas com certeza não era mais a mesma menina alegre e divertida que saltitava pelos quatro cantos do acampamento enquanto cantarolava músicas felizes e poemas românticos. Meus irmãos sentiram, meus amigos sentiram e até mesmo Quíron sentiu uma atmosfera ruim e triste me envolvendo desde o momento em que voltei a pisar no Acampamento Meio-Sangue. Eu sabia que era apenas questão de tempo até eu aceitar a perda e voltar a ser o que eu era... Mas talvez eu não conseguisse voltar ao que era antes. Todos tinham que entender que era difícil para mim, mas eu também não descontaria em nada e nem deixaria de fazer as minhas obrigações.

Após as férias, quando todos estavam de voltar ao acampamento, Quíron começara a alertar que haveria uma festa para a comemoração da Páscoa, onde haveria muita música, comida, bebidas e, claro, chocolate. A certeza de que não estava bem veio a mim quando eu não tive nenhuma reação histérica ao ouvir a palavra "chocolate", o que sempre acontecia por eu ser uma chocólatra assumida. Mas não, eu não tive nenhuma reação. Passei o dia deitada em minha cama ouvindo minhas irmãs fazendo planos para a festa, e quando me perguntaram quais eram os meus, a única coisa que eu respondi foi: nenhum. Eu não queria sair daquele chalé, mas elas reclamaram tanto que conseguiram me convencer, mas isso não mudara o meu humor. E eu estava ali, de fronte para o anfiteatro, suspirando pesadamente enquanto meus pés teimavam para fazer o caminho contrário e voltar para onde eu nunca deveria ter saído. Trajava um vestido tomara-que-caia que minhas irmãs escolheram, um sapato com o salto não tão alto e alguns acessórios escolhidos também pelas filhas de Deméter. Meus longos e ondulados fios dourados estavam soltos e a maquiagem não estava tão exagerada. A cada minuto que se passava, a sensação de angústia crescia dentro de mim. Meus orbes acinzentados observavam cada pessoa que entrava e saía do local. A música estava alta, mas ainda assim se podiam ouvir os gritos dos semideuses alegres e festeiros.

Respirei bem fundo e dei o primeiro passo em direção ao anfiteatro depois de uns dez minutos para e apenas observando. Os semideuses mais antigos sempre me cumprimentavam, mas eu apenas abria um sorriso forçado e acenava com a mão. Eu não queria parecer nojenta e antipática, mas eu não estava tão no clima assim, definitivamente. Assim que entrei, eu fiquei encantada com a decoração que os filhos de Dionísio, Apolo e Hécate fizeram; eles realmente capricharam. Eu não sabia onde ficar e com certeza ficaria sozinha ali pelo resto da noite, quero dizer, eu ficaria ali por alguns minutos e iria embora. Comecei a caminhar na direção de uma mesa onde havia fonte de chocolate e vários docinhos, mas ao contrário do que você pensa, eu não iria comer. Até que um meio-sangue passou por mim correndo e deixou em minhas mãos uma bandeja de doces. Fiquei parada, estática, por mais ou menos dois segundos e acabei me virando a fim de procurar aquele semideus e entregar a bandeja. Eu só não esperava que outra pessoa estivesse atrás de mim e que eu esbarrasse nesse ser. Não deu nem tempo de ver quem era; eu me abaixei imediatamente para recolher os docinhos caídos, mas... Quando eu ergui meu rosto novamente, foi a primeira vez que eu dei um sorriso sincero desde que voltara ao acampamento.

Era Renan! Renan Xavier! O filho de Poseidon mais incrível que eu já conheci! Eu entrara no acampamento no mesmo ano que eu e lembro-me bem de todas as vezes em que ele me ajudara quando eu era apenas uma novata e inofensiva filha de Deméter. Lembro-me também que já saíra em uma missão de suma importância com o rapaz, onde eu consegui dialogar mais com ele. E lá estava eu com um meio sorriso no rosto, mas este era sincero e eu nem precisei forçar. ━ Renan! ━ Gritei um tanto feliz, colando a bandeja de doces na mesa e logo envolvendo meus braços pelos ombros de Renan, dando-lhe um abraço forte e saudoso. ━ Como você está? Quanto tempo eu não vejo você. Eu... fiquei com saudades. ━ Senti que minhas bochechas ficaram quentes, sinal de que ruborizadas elas estavam após as minhas palavras ditas, mas eu realmente sentia falta daquele menino.

Alguém importante...

Eu não poderia esperar reação melhor. Parece que ainda existem pessoas que valem a pena, no Acampamento. Me ergo e dou-lhe a mão, para ajudá-la a levantar também. Puxa-a para um abraço bem apertado e ela me diz ter sentido saudade. Eu também senti, algumas pessoas marcaram minha vida aqui no Acampamento e ela eu vi desde o comecinho.

- Estive viajando pelo mundo. - respondo confiante. - Conheci muita cosia e vi muitos monstros que jamais havia visto na vida.

Era pura verdade. Foram dias bem tensos durante esses meses, mas valeu muito a pena para om eu crescimento. Agora pode-se dizer que sou um campista melhor, mais maduro até. Pego novamente a sua mão e saio puxando-a até a área onde as pessoas estavam dançando. Quero nem saber se ela gostaria disso ou não e já começo a dançar com ela ao meu lado. Nem conheço a música que estava tocando, mas deve ser da atualidade. Me remexo no ritmo frenético da música, enquanto tento conversar mais um pouco.

- E você, o que tem aprontado, Jules?