[RP FECHADA] All I know is we said 'hello'

You're so mean...

Sono, sim, sono. Isso resumia o estado em que me encontrava, ainda quê, não estava muito bem acordada para conseguir sair andando por aí, fazendo meus afazeres que não eram nem de perto interessantes, para ser sincera, nem tão chatos assim. Como em todo lugar, tinha pequenas obrigações no chalé, como sempre ajudar na arrumação, manter a cama arrumada e etc, e a minha parte estava feita. Minha cama estava impecável e tudo em seu perfeito lugar, ao menos, no meu cantinho mínimo do chalé e isso que importava.

Ignorei o que uma de minhas irmãs falava e com um maneio de cabeça, fingi que havia ouvido tudo, quando na verdade, não tinha entendido um simples A dito por esta, mas também, não era importante; ela não era importante. Meus passos eram rápidos para fora do chalé, não tinha muito o que fazer por aquele acampamento, ainda que nem gostava de lá. Sentia falta dos Estados Unidos, sentia falta de toda a movimentação que tinha em Nova York, mesmo que fosse perigoso sempre. Acreditava ainda, que mesmo com todo aquele perigo, era melhor em mil vezes que a Grécia, de fato.

Bufei baixinho e tombei a cabeça para trás, em uma tentativa vã de afastar as memórias da guerra que se havia passado. Não sabia para onde estava indo, apenas deixava que minhas pernas me guiassem, sem um rumo certo ou direção; quando dei por mim, estava me meio ao bosque e bem, não era um lugar ruim para se estar, ao menos, não quando estava vazio daquela forma. Sem irmãos chatos para aporrinhar, sem pessoas desprovidas de inteligência ou de no mínimo, um pouco de respeito para manterem o silêncio que era tão almejado por muitos naquele lugar.

Por aquele breve momento, me sentia no paraíso. Não sabia dizer se era pelo fato do lugar ser tão belo, ou pelo sol da tarde deixa-lo ainda melhor, entretanto, isso também não era importante quando se tinha um pouco de paz.

Tédio. Falta do que fazer. Solidão. Fome. Não, acho que fome não, mas todas as outras poderiam ter sido motivos válidos para eu ter ido ao bosque naquele horário. Nem sei exatamente o por que; deve ter alguma relação com o fato de que sou e sempre fui inclinada a fazer exatamente aquilo que dizem que eu não deveria. Deixei o chalé vestindo nada mais que jeans e uma camiseta branca com os dizeres 'pure love' que, por ter aberturas enormes nas laterais, me obrigavam a usar um top cor de rosa por baixo. Nunca gostei muito de rosa, mas essa cor combina bastante com meus cabelos naturalmente tingidos. Não que eu não seja ruiva natural, mas gosto de intensificar a cor com tonalizantes com uma boa parcela de química e algumas vezes até mesmo mesclar o vermelho com rosa ou laranja. Acho que combina perfeitamente com minha personalidade, sem contar que fogo também é o elemento de minha mãe então não deixa de ser simbólico.

Entrei silenciosamente no bosque, colocando os fones de ouvido e selecionando uma música aleatória no ipod. O local todo era incrível, parecia saído diretamente de um livro de fantasia, do tipo que mães comuns leem para seus filhos antes de dormir. Gostaria de ter tido esse tipo de experiência, mas infelizmente, não é comum dos deuses virem colocar suas crianças na cama; até porque, com a quantidade de filhos que eles tem, levaria a noite inteira. Caminhei alguns minutos bosque adentro, não sabia o que procurava, apenas... hm, algo para me distrair. Finalmente, achei uma árvore incomum que com certeza ofuscava o brilho de suas outras irmãs árvores. Sei exatamente como é isso, estou sempre ofuscando Mariah, e olha que somos exatamente iguais; bom, pelo menos, minha personalidade é definitivamente mais cativante que a dela. Observei a árvore por alguns minutos, notando que a luz do sol realçava bastante suas folhas, adquirindo uma coloração diferente, e a paisagem toda centrada naquela árvore daria num quadro incrível. Lamentei não ter levado pincel e tinta, não que eu fosse uma pintora muito boa, mas eu consigo misturar as cores certas e faço uma réplica abstrata das coisas que vejo. Algum dia - eu espero - vou conseguir fazer as linhas perfeitas. Se pelo menos eu tivesse levado uma câmera... Desliguei a música e guardei o ipod no bolso do jeans, andando lentamente para trás para enquadrar a cena inteira.

Bati em alguma coisa, não, alguém. Não achei que tivesse alguém por ali, muito menos atrás de mim. Uma garota, estava de costas para mim e provavelmente nem tinha notado minha presença até que a atropelei. ''Desculpa! Eu não vi... você ta legal?'' perguntei, mesmo que ela parecesse estar muito bem, tinha que checar. Ela tinha um comprido cabelo castanho,  olhos de mesma cor e sobrancelhas bem desenhadas. Me peguei observando o contorno de seus lábios e em como ela ficaria perfeita se eu a desenhasse; sempre fui melhor com um lápis do que com um pincel. Percebi muito tarde que a estava encarando e provavelmente aquilo soava muito estranho. Desviei o olhar para a vegetação atrás dela. ''Desculpa de novo, eu só... ah, deixa pra lá.'' tentei sorrir para parecer menos estanha, mas não tenho certeza se estava sendo bem sucedida.

You're so mean...

Se estava prestando atenção no meu caminho? Não, não estava. Na verdade, nunca prestava. Mantinha a cabeça baixa enquanto caminhava lentamente por entre o bosque, buscando em si, sabia nem ao menos dizer. Queria paz e com toda a certeza, paz aquele lugar transmitia de monte. Aquele era o típico lugar que as pessoas iam para pensar, talvez não tão típico. Alguns preferiam ir além das piscinas naturais onde tinham uma paz incrível, outros gostavam da clareira do acampamento e eu, bem, eu nem sabia do que gostava, para ser bem sincera.

Mantinha os passos calmos quando alguém acabou por me atropelar, arqueei uma das sobrancelhas e virei-me rapidamente um pouco assustada. Sim, assustada, não havia notado outra presença ali e tampouco era do meu conhecimento que seria surpreendida daquela forma. ––– Nãh, tudo bem... eu acho. –––– Murmurei, enquanto tirava uma mecha de cabelo do rosto, ela havia caído com o impacto de nossos corpos. Apoiei uma das mãos na cintura enquanto encarava a menina que não respondeu mais nada, apenas ficou parada, imóvel me encarando. Será que tinha algo fora do lugar, alguma coisa além do meu cabelo que de certo estava parecendo um ninho de mafagafos? Mantive-me em silêncio até que a ruiva se pronunciasse de novo e convenhamos, ela o fez um tanto constrangida; notara o constrangimento da outra devido à forma que desviara o olhar por sobre o meu ombro, olhando além de onde eu estava.

––– Tudo bem, relaxa. ––– Murmurei novamente enquanto dava de ombros, realmente, não havia causado muitos danos e a presença dela não me parecia ser chata, como a de meus irmãos e outros semideuses irritantes que faziam questão de me aporrinhar com papos inúteis a maior parte do tempo. Permiti um pequeno sorriso de lado, enquanto virava-me um pouco, procurando o que havia interessado a ruiva às minhas costas, porém, nada tinha além de mato, e árvores. ––– Aliás, sou Maisha, você é...? ––– Indaguei enquanto desviava novamente o meu olhar ao dela, como não o fazer? Seus olhos eram de um verde totalmente hipnotizante e mesmo que sua presença em outrora não fosse das melhores, somente por aqueles olhos eu acabaria por ceder completamente à sua companhia.

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