[RP FECHADA] You see me? I'm like you.

I'm deafened by the silence ♠

Can anybody hear me? Or am I talking to myself? My mind is running empty, In this search for someone else Who doesn't look right through me. It's all just static in my head Can anybody tell me why I'm lonely like a satellite?

As sacolas agora ocupavam ambas minhas mãos, a direita que continha as sacolas das roupas era a que se encontrava mais pesada e a esquerda tinha seu peso aliviado por pequenos vasinhos de plantas que eu deveria levar para o chalé. Já se aproximava do meio dia, o sol estava em seu pico e o calor também. Tinha em torno de 3h que estava caminhando fazendo compras ou simplesmente passeando por um local que era agradável e ao mesmo tempo seguro. A tarefa de andar naquele mar de gente com ambas as mãos lotadas era duas vezes mais difícil do que com somente uma, mesmo assim estava conseguindo me desviar das pessoas e não esbarrar nelas, embora não encostar era quase impossível.

Passei bem perto de uma das lojas e quando isso ocorreu um vento gelado vindo de lá chegou até mim, não consegui resistir e me virei para melhor ver de que loja se tratava. Me dei de cara com uma sorveteria, sua entrada era grande e no centro da escrita havia um sorvete. Não resisti ao frescor do local e o adentrei. Busquei uma mesa no local, que por sinal se encontrava bem lotado, por fim sentei em uma mesa ao fundo com um sofá acolchoado, depositei as sacolas ao meu lado, ajeitei o vestido de renda que cobria meu corpo. Tamborilei levemente na superfície da mesa com meus dedos, a outra mão passei levemente por entre meus cabelos. Ali dentro estava fresco, até mesmo um pouco frio.

Finalmente uma funcionária pareceu me notar e veio ao meu encontro, depositou a minha frente um cardápio simples de apenas uma página escrita de ambos os lados com os nomes dos sabores de sorvetes, milkshakes e afins. - Por favor, um milkshake de M&M'S. - Sorri amistosamente para a garota, que deveria ter minha idade e já estava ali ralando em um dia de calor. Ela fez um aceno positivo com a cabeça e se afastou de mim a passos largos, voltei a observar o pessoal que estava dentro da loja e os que eventualmente entrava a procura de se refrescar. Respirei fundo, tamborilando os dedos a espera do meu pedido.

Passei as mãos pelo meu cabelo, tentando arruma-lo após jogar um pouco de água para me aliviar do calor. Quando tive a maravilhosa ideia de passear na orla da vila ao meio-dia, horário que ela ficava lotada igual à entrada do inferno, devia estar delirando. Em um dia normal, estaria dormindo agora. Devia ser provavelmente meio-dia agora, e o sol estava de matar. Odiava o calor. Preferia ficar dentro do chalé de Perséfone, jogado na cama, com as janelas abertas e dormindo. Normalmente era isso que fazia todos os dias: dormia até as duas. Mas, na última semana, Quíron tinha me dado uns puxões me orelha, porque eu era monitor e tinha que dar exemplo aos outros campistas. Blábláblá. Conversa fiada.

Andar por ali era difícil. Lotado igual à entrada do inferno não era exagero. Era até um jeito carinhoso de falar como estava a orla. Pessoas caminhavam cheias de sacolas com compras, esbarravam uma nas outras, deixavam as compras caírem, caiam. Ah, era uma maravilha. E o cheiro de suor que elas emanavam era ainda melhor. Não havia lugar melhor para se estar num dia de calor do que andando por algum lugar qualquer, rodeado por centenas de pessoas fedidas, não é? E, por mais que eu tentasse desviar deles, era impossível. Desviava de um e apareciam três na minha frente, carregando ainda mais coisas do que aquele um. – Maravilha. – Resmunguei quando esbarrei em um garoto que carregava alguns doces. Ajudei-o a juntar os doces, dando um falso sorriso amigável para ele, e depois acenando quando ele se foi. Sequei o suor da testa com as mãos, olhando para o lado e notando em frente de onde tinha parado: Sorveteria. Se tinha uma coisa boa no calor era poder tomar sorvete praticamente a vontade. E então olhei para dentro do local, e a vontade de tomar sorvete diminuiu. A sorveteria estava lotada de campistas. Seria mais fácil roubar um sorvete do que conseguir pedir um. Ser um filho de Hermes naquelas horas seria uma boa. Mas acabei cedendo ao desejo, e entrei na sorveteria.

Caminhei pelo local, acenando com a cabeça para alguns conhecidos enquanto procurava por um lugar. Se vendo de fora a sorveteria já parecia lotada, por dentro era um formigueiro – e realmente tinham algumas formigas ali, andando sobre bolas de sorvete derretidas que alguém derrubou no chão – e encontrar um lugar não foi fácil. Até que, no fundo dela, avistei uma garota sentada num sofá com algumas dúzias de sacola. Franzi o cenho, pensando se deveria ou não fazer o que estava pensando. E o que tinha a perder? Tomei cuidado para não pisar em nenhuma poça de sorvete derretido enquanto caminhava até ela e, quando cheguei perto, sorri amigavelmente, tirando as sacolas do sofá e colando-as no chão, ao meu lado. – Espero que não se importe. – Falei enquanto me sentava, olhando para a garota, mantendo o sorriso no rosto. – Sacolas não precisam se sentar. E... – Estava prestes a perguntar se a conhecia quando uma funcionaria chegou na mesa, trazendo um milk-shake de M&M’s para a garota. Encarei o milk-shake, depois olhei para a funcionaria, quando ela estava prestes a ir embora. – Espere! Quero um sundae de Ovomaltine. Por favooor! –[ Proferi as palavras com uma voz de criança, afinal estava pedindo sundae. Uma das sete maravilhas do meu mundo. A funcionaria anotou meu pedido e se afastou. Voltei a encarar a garota ao meu lado, com um sorriso maior no rosto. – Ah, sorvete! Uma delicia, não concorda? Mas como eu estava prestes a perguntar antes dela nos interromper... Não te conheço de algum lugar? Qual seu nome? – Indaguei levando um dedo ao queixo, pensativo. Tinha certeza que conhecia ela, só não conseguia lembrar de onde...