[RP FECHADA] "The rivalry twins"

Sabe aquele dia em que você não tem vontade de fazer nada, nem de estar em lugar nenhum, com ninguém? Eu estava vivendo um daqueles dias. Cansado de ficar no castelo de Éris, tinha decidido fazer uma pequena visita ao acampamento. O que não era muito seguro, porque as chances de encontrar pessoas indesejáveis eram altas. Mas, ali em cima, a presença de anarquistas sempre eram indesejáveis, então não me importava muito com quem fosse encontrar, porque sabia que a minha presença era mais incomoda do que a presença dos outros. Com exceção, é claro, dele. Mas não era alguém que merecia ser citado, até porque ele era pior do que o diabo. Sempre que alguém pensava nele, puff, ele parecia. Então deletei-o de meus pensamentos, indo caminhar pelo acampamento, o que não servia de muita coisa. Como já tinha dito, não tinha vontade de estar em lugar nenhum, e o acampamento se incluía nisso. Estava pensando em ir dar uma volta por Atenas quando, enquanto caminhava pela vila olimpiano, um lugar me chamou a atenção. Sua fachada era simples, sem nenhuma decoração chamativa, mas o nome gravado nela já servia para atrair a atenção de crianças, jovens e adultos: fliperama. E, como um bom apreciador de jogos, resolvi ir me divertir. Fliperamas não entravam no grupo de lugares onde não gostaria de estar, e jogos não entravam no grupo de coisas que não gostaria de fazer. Até porque, quando pegava um controle nas mãos, esquecia o mundo em que vivia. Ia para outro mundo. Um mundo muito mais divertido – e fictício – do que o dos semideuses.

O lugar, como imaginei, estava cheio de campistas; principalmente os mais novos, que raramente saiam em missão. Alguns me olharam com o canto dos olhos, resmungando alguma praga em grego, mas logo esqueciam minha presença e voltavam para os jogos. Dei de ombros, olhando em volta e observando o lugar. Todos os tipos de videogames enfeitavam o local, dos mais antigos até os mais atuais. Jogos clássicos, como pinball e pacman, eram os menos jogados. Os mais atuais, como Assassin’s Creed e Skyrim, eram mais procurados. Era uma pena ver os jogos antigos sendo esquecidos, mas não podia fazer muita coisa. O gosto das pessoas dependia da época, e o gosto da maioria dos jovens atuais – pelo menos falando em jogos – eram os mais modernos. Dei alguns passos para frente, sentindo um estranho arrepio na espinha, como se alguém estivesse ali. Procurei por toda minha volta, mas não via ninguém. Devia ser apenas nostalgia por estar ali. Sorri – algo que não costumava fazer muito – e me encaminhei até uma maquina de fliperama. Ah, aquilo era algo divertido! Durante minha infância tive algumas oportunidade de jogar em algumas daquelas maquinas, e quase chorava quando precisava ir embora. Mas agora não tinha ninguém para me tirar dela. Meu sorriso se alargou, enquanto passava minhas mãos pelos botões e pelo único analógico da maquina. – Hm... Marvel vs. Capcom. – Murmurei o nome do jogo quase como se estivesse me referindo a algum deus de grande importância – como Hipnos -, e então apertei start. Só sairia dali quando... Quando quisesse, oras. Ninguém mandava em mim.

Não sei explicar o que aconteceu, mas sai do chalé dos filhos de Poseidon um pouco instigado. Não entendia, mas parecia que parte de mim gritava por alguém ou parecia ir de encontro com algo desconhecido. Vi que andava pelas ruas do centro da vila olimpiana, realmente aquele lugar era bonito. Quando passava parte da semana com o Clark e Garry não deixava de ir ao fliperama torrar meus dracmas nos jogos antigos do lugar. Pensando nisso seria uma boa hora para jogar, não entendia o motivo exato de estar naquele lugar. Ajeitei minha camiseta cavada branca, minhas calças jeans estavam apertadas demais. Tentava esconder o desconforto sorrindo para as campistas que pareciam me olhar de olhos arregalados. Não entendi por que eles me olhavam como que se eu fosse um fantasma. — Bom já que estou aqui. — Indaguei entrando na loja de jogos. Falei com atendente que falou que parecia já ter me atendido. Então apontou para um moço que era idêntico a mim. Não acreditava no que estava diante dos meus olhos, ele depois de algum tempo sumido estava lá diante dos meus olhos.

— Theon! — Berrei tomando sua atenção, como sempre parecia estar um pouco irritado comigo.  — Como você some e me faz passar por uma enorme busca atrás de ti? — Não acreditava que ele estava lá diante dos de mim. — Onde esteve? Por que não mandou notícias. — Não parava de bombardeá-lo de perguntas, tentava me controlar. Cada vez mais dava um passo próximo a ele, não queria perder minha oportunidade de respostas. — Anda vamos para o chalé, para o nosso lar. — Enunciei com um sorriso inocente nos lábios. — Fale comigo, o que houve? Cadê aquele garoto que me ajudou com os campistas na fuga da América? — Lembrava muito bem da satisfação dele em seguir meus passos, via a boa intenção em teus olhos em ajudar o próximo. Mas diante de mim ele parecia diferente. — Não... Não... — Cocei os cabelos tentando não pensar o que sorrateiramente bateu dentro de mim. — O que você fez? Deixe eu te ajudar! — Não falava absolutamente nada e ficava quieto me olhando, o que me deixava cada vez mais nervoso. Theon gostava de testar a pouca paciência que eu tinha.

Estava tão absorto no jogo que demorei anos para notar a figura incomoda que chegara. E estar absorto tinha um motivo: último chefe, Onslaught ou Massacre. E estava perdendo, o que não era bem uma novidade. Tinha escolhido Megaman e Venom como personagem, e eles eram personagens horríveis para se usar contra Onslaught. Ainda mais para quem não sabia jogar muito bem com eles, como era o meu caso. Ter chegado ao final boss tinha sido uma jogada de sorte, e essa sorte já tinha acabado. Durante o jogo tinha escutado uma voz falando comigo, mas parecia apenas um zumbido. Como uma mosca ou algo do tipo. Só peguei as últimas palavras que ele falou: “O que você fez? Deixe eu te ajudar!” e exatamente nesse momento perdi. Cerrei os punhos, batendo com eles na maquina de fliperama, e virei-me para trás, irritado. – O que você quer?! – Gritei em um ataque de fúria, encarando o ser em minha frente e apontando um punho cerrado para o seu rosto, a principio sem reconhecê-lo. E, quando o reconheci, não me arrependi de ter agido daquela maneira. Afinal quem estava na minha frente era Zachary, meu estupido gêmeo.

Abaixei lentamente o punho que tinha apontado para ele, colocando as mãos dentro dos bolsos em minha calça, mas os punhos continuam cerrados. Não sabia o que era pior: ter perdido naquele estupido jogo ou ter encontrado meu estupido gêmeo. A única razão para eu ainda evitar o acampamento era a existência dele. Queria evitar encontrar-me com ele, mas parecia impossível. Ele sempre me achava quando eu ia até o acampamento! Era irritante. Ele não percebia o quanto sua presença era insuportável para os outros? Mordi os lábios, encarando-o com o rosto um pouco erguido, pois eu era alguns centímetros mais baixos. – Me ajudar? Não preciso de sua ajuda, Zachary. Não preciso de você, e nem daquele estupido do Poseidon.  – Meu tom de voz, apesar de um pouco alto, manteve-se calmo e frio enquanto me dirigia a ele. Mesmo com os olhos fixos em seu rosto, tinha total consciência da dúzia de campistas que tinham parado de jogar para olhar a primeira – de muitas – discussões entre os irmãos Osborn. Desviei os olhos dele, encarando todos aqueles intrometidos, incomodado com toda aquela atenção. Dei dois passos para frente, ficando ao lado de Zachary e sussurrando baixinho. – Adeus, Zachary. Não me procure. Nunca mais. Se um dia me ver, finja que não me conhece. – E, após dizer aquelas palavras, caminhei para fora do fliperama; alguns segundos atrás o melhor lugar do mundo, agora um inferno. Se antes já não tinha vontade de estar em lugar algum, exceto o fliperama, agora até essa exceção já não existia. Enquanto caminhava pela rua comercial, dezenas de campistas me encaram. Deviam ter escutado a gritaria dentro do fliperama e pararam para ouvir. – Intrometidos. – Murmurei, encarando cada um. O jeito seria voltar ao castelo de Éris e trancar-me em meu quarto. Podia já estar cansado de lá, mas era melhor do que estar em má companhia.

Gritou comigo e tolamente me humilhou na frente de todos, suspirei repensando meus atos. Talvez já tivesse passado da hora de encará-lo como uma vitima e sim começar a utilizar a força. — Chega! — Gritei totalmente alterado, os outros campistas sentiram o clima ficar frio. Não podia ficar irritado que eu perdia totalmente o controle da temperatura ambiente. — Não vou aturar suas rebeldias, ou você me escuta por bem ou será por mal. — Fechei os punhos o vendo sair do lugar. Corri até ele na calçada e o puxei pelo braço dando lhe um soco na parte esquerda da tua face direcionada entre a maça e o olho. O impacto foi grande que derrubou Theon alguns metros de mim. Não estava mais tentando entende-lo, ele iria ficar no acampamento querendo ou não. A temperatura esfriou enquanto o observava meu gêmeo com raiva se levantando. Uma tempestade de neve se formou fazendo com que toda a rua ganhasse a aparência de um dia de inverno intenso. Pisei com força no chão criando várias estacas de gelo enormes prendendo o garoto dentre elas. — Meu gelo é o mais duro e puro dos seguidores de Quione. — Comentei o vendo tentar escapar do meu golpe. — Agora que está preso e quero saber tudo. — Mordi o lábio inferior demonstrando minha pouca paciência e cada vez que a irritação aumentava o lugar todo ia congelando com uma forte tempestade que ficou estagnada sobre a vila olimpiana.

— Por que sumiu? Por que me odeia tanto? O que eu fiz para você? — Fitei teus olhos deixando as estacas mais afiadas dificultando o movimento dele. — Anda logo, fale tudo. — Só precisava de um por que, não poderia fingir que ele não existisse. Theon era minha única família, a pessoa que mais amava. Não desistiria dele, mas minha paciência não era grande. — Juro que te corto em pedaços, mas você volta para o acampamento. Suas escolhas egoístas só te guiaram em sua eminente morte. — Berrei um pouco descontrolado direcionando a tempestade em cima dele. O colar da deusa brilhava em meu pescoço. A neve que caia me rejuvenescia e não demonstrava nenhuma reação pelo frio. — Eu cuidei de ti, eu te treinei, eu que estive sempre do seu lado assim que soube sua existência. — Meus olhos encheram-se de lágrimas. — Fiz o meu melhor para que você sobrevivesse ao mundo e é assim que me trata? Com total desrespeito? — Revirei os olhos interrompendo que minhas lágrimas caíssem. — Não põe nosso pai nisso. — Não queria ter que falar toda a história novamente. — Não escolhemos nascer, não escolhemos ser separados na infância. E o mais importante, não escolhemos ser filhos de um deus. — Suspirei. — Estou tentando entender o que eu fiz para você me odiar tanto. Se seus motivos forem corretos eu te deixo, te largo e nunca mais te procuro. — Aumentei a quantidade de estacas de gelo. — Fale logo! — Gritei olhando em nele que não se via como se livrar do meu dom.