Demigods Origins
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{Story Mode} The Thieves Guild, by Jessie R. Archer & Pandora van Hölle

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Mensagem por Jessie R. Archer Sáb Jul 20, 2013 1:51 am

In the end,
As you fade into the night...
Who will tell the story of your life?


8:17 A.M.
Camp Half-Blood - Greece
Act One.

obs: I'm wearing this.

Mais um dia tinha início no acampamento. Abri os olhos devagar, ouvindo a respiração baixa e regular de romanos e gregos que dormiam o sono dos justos. Infelizmente, já era hora de levantar e dar início ao meu dia de monitora. Hoje, eu iria coordenar uma caminhada dos chalés de Hécate e Íris até o rio, local onde, futuramente, aconteceria mais uma edição do Capture A Bandeira, um dos jogos mais populares do acampamento e, de longe, o mais divertido, na minha opinião. Joguei os lençóis para o lado e sentei-me na cama, passando a mão no rosto e cumprindo o meu ritual diário de olhar-me no espelho antes de qualquer outra coisa. O fato era que, ultimamente, Alice não tinha saído da minha mente. Eu já havia entrado em um estado de desespero pelo fato de desconhecer o paradeiro de minha irmã. Encarei os olhos escuros que olhavam de volta para mim, e mostravam uma garota na beleza de seus vinte e um anos, mas com histórias e cicatrizes psicológicas que ninguém conseguiria decifrar de fato. Pois, apesar de conseguir externalizar uma imagem de calma e confiança, minha mente era caótica e incompreensível, muitas vezes sendo muito mais fácil deixar o instinto me guiar do que a minha parte consciente.

Levantei-me sem fazer barulho algum, vesti roupas que julguei adequadas para a rotina imaginada naquela quinta-feira e saí do chalé XV encostando a porta com delicadeza, para não acordar nenhum meio-irmão que não tinha nada a ver com meus assuntos. Tomei um café-da-manhã farto, assim como todos os dias em que eu estava lá, sentada à mesa dos filhos de Hécate. Eu normalmente o fazia sozinha, porém, naquela manhã outro da prole de Hécate juntara-se a mim em nosso agradecimento diário aos deuses. Devo dizer que essa era uma parte que me incomodava, pois eu não acreditava que os deuses tinham tanto cuidado quanto à nós, semideuses. É claro que eu agradecia à Hécate e Éris, em todas as refeições, por me permitir continuar viva, conforme as necessidades de uma ou outra. Mas, no geral, achava sequer que os deuses prestavam atenção no que fazíamos. Ou que precisavam de nós para algo importante. E enquanto tomava o segundo copo de suco de laranja (os copos se enchiam sozinhos, olha, que legal?!), senti vontade de perguntar à cada um dali, o que é que ser filho de um deus tinha trazido de bom para a vida deles.

...

Já estava fazendo alguns pequenos alongamentos enquanto me dirigia de volta para o chalé, acordar meus irmãos para dar continuidade à rotina pré-estabelecida. É claro, se meus sentidos não houvessem sido atraídos para a Casa Grande, onde eu podia ouvir uma voz feminina gritando algo como "A minha tiara! Devolvam a minha tiara!". Não precisei que ninguém me chamasse para que eu fosse uma das primeiras a aproximar-se da porta da construção, aonde Quíron acompanhava uma mulher para fora. Ela, transtornada, disse que queria vingança. E foi essa palavra, junto com o olhar odioso que ela lançou para nosso pobre diretor  de atividades, que olhava-a, surpreso com sua visita inesperada, que me fez supor a identidade de nossa visitante. Enquanto Quíron tentava formar um pedido completo de desculpas, a mulher virou-se para alguns semideuses que juntavam-se à alguns metros da casa, e eu era uma deles. Apontando o dedo para nós, ela disse em uma voz grave, que arrepiou-me mais do que seus gritos anteriores:

- Um de vocês, crias de deuses, irá adentrar esse salão assim que eu sair. E Quíron irá explicar-lhe o motivo da minha visita e irá enviar um de vocês para uma missão externa. Quem será o menos inútil a fazer isso? - e com um sorriso debochado no rosto, ela simplesmente desvaneceu-se em uma nuvem de fumaça marrom.

Olhei a meu redor. Três garotas e um garoto me encaravam de volta com a mesma expressão de susto que a minha. Mais havia algo mais no rosto deles. Medo... Desconfiança... Ódio. Dirigidos a mim. Algumas vezes eu praticamente esquecia que servia à deusa que incitava a revolta e discórdia entre os deuses, mas eles não se esqueceram. Como se esquecer de tal fato sendo que suas costas são inteiramente cobertas por uma tatuagem, cuja sensação que passava até era de leveza e placidez, mas que lembrava à todos do real propósito de ela existir?

Revirei os olhos, demonstrando uma forte expressão de impaciência, e caminhei sem hesitar para a porta, onde um Quíron estupefaço ainda olhava para o mesmo ponto onde nossa visitante havia desaparecido. Encostei-me na soleira até o centauro notar a minha existência, e então parecer ter recuperado um pouco o controle de si próprio. - Venha, Jessica, venha. - suspirei baixo, pois odiava não ser chamada de Jessie ou Jess, e acompanhei nosso diretor de atividades até um cômodo praticamente vazio, mas completamente banhado pelo sol, com apenas uma escrivaninha e duas cadeiras. Ao fundo, a cadeira de rodas de Quíron, para quando ele precisasse parecer uma pessoa comum. Estranhamente, foi para lá que ele se dirigiu, e, caso você nunca tenha visto nosso centauro transformando-se de volta em humano... Bom, deixe sua imaginação criar a cena, certo?

Quíron, agora parecendo um simples humano tomando sol em sua cadeira de rodas, convidou-me a sentar próximo a ele. Mantive-me um pouco afastada porque não vi necessidade em tomar banho de sol, o que fez ele franzir as sobrancelhas. Sem mais delongas, ele juntou as pontas dos dedos e pôs se a falar, pausadamente.

- Bom dia, Jessica. Como você viu, parece que teremos uma manhã tumultuada por aqui. - assenti com uma expressão de seriedade, ignorando a maneira como ele me chamou, e ele retomou a palavra. - Eu não sei se você percebeu, mas a nossa ilustre visitante de agora era ninguém menos do que Nêmesis, e ela estava um tiquinho irritada. - dei um sorriso mínimo antes de interferir. - Eu diria que ela perdeu algum item, não? - enquanto pensava que, minha nossa, os deuses estavam sempre perdendo algo importante! Quíron bateu um dedo no outro enquanto concordava comigo. - Sim. Uma tiara que lembra uma pequena coroa, feita de ouro. Na realidade, ela não tem um valor marcial tão grande como uma arma... - nesse momento, relaxei meu corpo. Não gostava de ir buscar armas divinas; quase sempre algo dava errado durante a missão. - Porém, ela dá ao usuário o poder de invocar algumas lâminas que, de acordo com a maldade nos atos anteriores da vítima, pode estraçalhar o seu corpo inteiro. - Quíron parecia suar enquanto falava.

Eu já não demonstrava expressão nenhuma, apenas me concentrava no problema. Um item daqueles em mãos erradas poderia fazer um belo estrago. Cruzei as pernas e perguntei, em uma voz contemplativa: - E como foi que lady Nêmesis perdeu seu precioso brinquedinho? - o sarcasmo em minha voz era evidente, e Quíron me lançou um ar de reprovação. Ele parecia olhar para fora a todo instante, como se com medo de que a deusa retornasse ou que mais alguém estivesse ouvindo minhas palavras, na sua concepção, levemente heréticas. - É aí que está nosso problema. Ela não perdeu a coroa, foi roubada. E, alguém que pode tirar um item assim de uma deusa, em plena luz do dia na Romênia, durante um parque de diversões lotado, não pode ser um humano comum. Nêmesis acredita que foi um filho de Hermes, mas que um só não teria audácia o suficiente para fazer isso. Portanto, devem haver alguns. - Ou às vezes ele não imaginou que estava roubando uma deusa. - devolvi, dando de ombros. Eu já sabia, e Quíron também, que eu iria aceitar a missão. Não por Nêmesis; mas sim, para desbaratar o grupo de semideuses que tinha como vocação roubar pessoas. Pode até ser o meio de sobrevivência deles, mas caçar estava se tornando o meu.

Quíron então me informou dos detalhes do acontecido. Quatro dias atrás, Nêmesis decidira ter uma folga de seus afazeres divinos, assumira uma forma humana (assim como hoje) e fora para Bucareste, capital da Romênia e berço de um dos maiores parques de diversão europeus. Até a metade do dia, ela checara sua bolsa e conferira que seus itens (chicotes em forma de braceletes, a coroa, um anel e uma espada em forma de colar) estavam todos lá. Porém, ao anoitecer, ela olhara novamente dentro da bolsa e descobrira que a coroa havia desaparecido, e o resto da história nós já sabemos. Somente duas coisas não estavam claras para mim. - Por que a deusa demorou quatro dias para nos procurar? E por que ela parecia tão inspirada para vingar-se no acampamento? - Quíron me respondeu que ela pretendia manter o roubo em segredo e recuperar o item sozinha. Porém, ela não podia revistar a cidade sem seu poder divino, e isso faria com que a existência de uma deusa, ou pelo menos de um ser muito sobrenatural, fosse notada. Ok. - E sobre a vingança? - Ele foi mais cauteloso agora. Parece que Nêmesis acreditava que a educação de todos os semideuses espalhados pelo mundo fosse da responsabilidade de Quíron e, na impossibilidade de vingar-se dos que haviam cometido o crime, todo o acampamento pagaria no lugar.

Foi nesse momento que me levantei e pus-me a voltar para meu chalé, para arrumar uma mochila e ir conhecer a Romênia. O fato é que eu não suportava a ideia de ver, novamente, as pessoas que eu amava, a minha família, prestes a levar a culpa por um acontecimento  sobre o qual ninguém tinha nenhum controle. Mal escutei Quíron tentar acompanhar minha pressa e voltar à sua forma de centauro. -Jessie... - senti sua mão em meu ombro e virei-me, com um olhar vago que demonstrava que meus pensamentos já estavam na melhor forma de exterminar os ladrõezinhos. - Argos te levará até Atenas, onde você pegará um avião para Bucareste. - à simples menção da palavra avião, eu tremi. O fato é que eu tinha medo de andar de avião, sentia-me sufocada e impotente. Mas se era o jeito mais rápido de chegar a meu destino, e de impedir uma possível punição sobre o acampamento, eu iria engolir meu medo e entrar na droga do avião. Assenti com a cabeça e continuei a minha caminhada. Ele veio trotando e continuou a falar, pois eu precisava de mais informações. - Para facilitar a missão, eu irei contatar uma campista mais experiente que estará te esperando no aeroporto. novamente, mexi apenas a cabeça, sabendo que não adiantaria nada eu perguntar quem era a campista... Eu descobriria na hora certa, Enquanto saía da Casa Grande, ouvi o centauro falar mais para si do que para mim: -Que os deuses a guiem, filha de Hécate.

...

03:29 P.M.
Bucharest - Romania
Act Two.

...

Argh. Eu definitivamente preferia não ter recordado na pele o quão horrível era andar de avião. Mas, pelo menos, não tive problemas quanto a passar minhas armas na hora de embarcar. Ainda bem que a névoa existia e cobria certas coisas dos olhos humanos. Saí do transporte sentindo moderados sinais de enjôo, carregando apenas uma mochila e, com meus óculos especiais, verificando se não havia nenhum monstro por ali. Satisfeita, continuei minha busca enquanto também procurava pela semideusa desconhecida que iria auxiliar-me em minha caçada.

Saí pelo portão de desembarque e e não precisei avançar dois passos para vê-la. Encostada em um pilar, nos percebemos ao mesmo tempo e eu avancei devagar em sua direção. - Que bom te ver por aqui, Pandora. - abri um meio sorriso, ajeitando a mochila em minhas costas e o boné em minha cabeça. Já havia encontrado a garota uma vez ou outra, pelo submundo. Pela primeira vez na missão, agradeci Quíron por ter colocado outra campista para resolver esse problema. Agora, iríamos decidir um plano de ação para encontrar o artefato perdido e subjugar os responsáveis por essa confusão que havia ameaçado meu acampamento... minha casa.

Itens levados:

ou seja:


Jessie R. Archer
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Anarquistas da Discórdia
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Mensagem por Pandora van Hölle Sáb Jul 20, 2013 2:37 pm



De Budapeste à Bucareste



in the dark
Post #1 Vestindo: Aqui Words: 2196 Notas: -



Um mês atrás.


Quão irônico era que neste momento eu estivesse na Praça dos Heróis? Sim, era esse o nome de uma das praças mais famosas de Budapeste, capital da Hungria. Sabia que quatro anos atrás, apesar de não admitir, teria me considerado no lugar certo. Mas no presente eu não passava de uma nômade condenada a ser assombrada pelo seu passado.

Estava ali em uma missão solo, encontrar alguns monstros, derrota-los e procurar um novo lugar para ir. Esses eram meus planos desde que perdi um pouco de meu rumo. Passava um pouco das três horas da madrugada e o local encontrava-se completamente vazio, o silêncio vinha como uma benção, assim como aquele vento gélido típico de um país na Europa em plena madrugada. Encontrava-me sentada no alto de um dos pilares da praça, em minha mão um saquinho cheio de doces locais. O que importava naquele momento era apenas a paciência, algo que eu realmente não tinha muito depois que se passou quase uma hora de espera. Estava começando a cogitar a possibilidade de ir e invadir o quartel do meu inimigo e sair derrubando tudo. Mas não era esse o objetivo, por mais que soubesse que havia semideuses romanos europeus planejando uma pequena revolta, eu só precisava de um em específico. Aparentemente todo movimento era composto por pessoas que seguiam o ideal, porém também existiam aqueles que estavam sem nada para fazer e apenas seguiam o fluxo. Esse era o caso do filho de Bellona que vinha causando mortes desnecessárias. Era uma ordem de Quíron não mexer com esses semideuses até que eles representem um perigo maior, afinal de contas eram da mesma família que a nossa, com aspectos diferentes. Não acreditava nessas baboseiras, porém nada poderia fazer quanto a isso, por enquanto.

-Eu não esperava que o Cobra fosse uma garota.

A voz partia de um ponto escuro. Quanto azar do garoto ao imaginar que estaria protegido ali nas sombras! Minha visão noturna permitia que eu o enxergasse perfeitamente, desde aos seus músculos exagerados a face máscula e com uma cicatriz no queixo. O rapaz não deveria ser mais velho que eu, porém já se portava, ou ao menos assim ele achava, aparentar ser mais velho e forte.

-Eu pensei que você fosse mais alto – respondi de volta, minha voz mais fria do que aquela noite.

-Não importa que você seja uma menininha – o filho de Bellona falou com prepotência e desprezo na voz – Você ousou me desafiar e isso vai te custar muito caro, quem sabe sua vida? Posso ser generoso se me oferecer outra coisa em troca.

-Então estou mesmo diante do maldito que matou os três semideuses na última terça-feira? Você não me parece ter capacidade para isso – mantinha minha fala ritmada, sabia que isso iria irritá-lo e me dar um ar de superioridade.

-Claro que fui eu! – ele exclamou como se estivesse ofendido por minha dúvida – Aqueles estúpidos estavam em meu caminho, eu esmago tudo que for me atrapalhar!

-Ao que parece tenho uma confissão de assassinato – disse com certo desprezo e o olhei cada vez mais inexpressiva – Porém estava errado, eu não sou a Cobra. Sou apenas a dona dela.

Olhei para a esquerda e assoviei longamente. O semideus romano saiu das sombras puxando a espada que trazia presa a suas costas. Voltei a pegar um doce do saquinho em minha mão e o joguei dentro de minha boca preparando-me para o espetáculo sangrento que iria acontecer ali. Primeiro foi possível escutar um sibilo longo e alto o suficiente para que repercutisse por toda a praça. O garoto recuou e posicionou-se defensivamente, porém não conseguiu disfarçar o choque em seus olhos arregalados ao ver quem era o seu inimigo. De uma enorme sombra produzida pelo pilar mais alto, uma serpente deslizava majestosamente mostrando o seu enorme tamanho. Suas escamas eram negras e na parte superior de seu corpo havia uma bifurcação que dava espaço para duas cabeças, ao invés de apenas uma.

Viper fora a minha primeira companheira, feita das sombras como eu aquela serpente das sombras era um dos seres mais magníficos e sinistros que tive oportunidade de conhecer. As cabeças encaravam fixamente a sua refeição e seu corpo ia cada vez mais crescendo para dilacerar aquele ser insignificante. Minhas ordens haviam sido claras para ela, se ele se mostrasse culpado ela teria como jantar um romano prepotente e assassino. Consequentemente o que se seguiu foram cenas de embrulhar o estômago e fazer qualquer um vomitar tudo o que havia comido durante toda a semana. Viper fora impiedosa, o rapaz mal teve como movimentar-se pois logo a segunda cabeça sempre o pegava. Primeiro ela arrancou um de seus braços em um único bote, depois a outra cabeça mordeu sua perna e o jogou para o ar. Quando o corpo caiu no chão eu podia jurar ter escutado ossos se quebrando. Os gritos do filho de Bellona se mesclavam entre o medo, a dor e o terror. Viper apenas se divertia com a refeição enquanto o devorava aos poucos, sem mata-lo prontamente.

Joguei mais um doce dentro de minha boca. Precisava esperar, afinal não poderia deixar minha serpente sem novos comandos ou algum desastre pior poderia acontecer. Mas qualquer um que me visse provavelmente achar-me-ia um ser sem coração, fria o suficiente para não sentir nada com o que acontecia a minha frente. Isso não era nada comparado aos campos de sofrimento do submundo, nada comparado à carnificina de uma guerra. Meu corpo, mente e alma estavam calejados com esse tipo de cena, havia estado perto da morte ou sendo encarada por ela tantas vezes que tinha naturalizado esse tipo de coisa. O que aprendi durante todos esses anos, desde o êxodo para a Europa era que existia apenas uma regra universal nessa nova configuração de mundo: ou você sobrevive ou você morre. Ambos tão intimamente ligados que quase não se podia existir sem ser acompanhado de perto por Thanatos. Seja para levar uma alma a sua frente ou para ser a sua vez.

Quando Viper finalizou sua refeição deslizou para perto de mim, seu sibilo baixo denunciava que estava satisfeita. Joguei o resto dos doces todos dentro de minha boca, saltei para o chão sem nenhuma dificuldade e logo a serpente aproximou-se. Ambas as cabeças se inclinaram e as acariciei tentando manter um ritmo igual para elas. Afinal eram como duas irmãs gêmeas que poderiam sentir ciúmes uma da outra.

-Bom trabalho, você nem ao menos se machucou – elogiei e respirei fundo – Vamos, eu preciso descansar, logo pela manhã irei reportar o que aconteceu a Quíron.

A cobra novamente sibilou e permitiu-me montá-la. Não me assustei quando Viper seguiu em direção a uma enorme sombra e praticamente jogou-se nela. Afinal, aquilo era o transporte sombrio que iria levar-me diretamente para o hotel barato onde estava hospedada.

{...}

Abri a janela do banheiro do hotel e liguei o chuveiro. Meu propósito não era tomar um banho, o tinha feito uma hora atrás assim que o sol nascia. Almejava produzir um arco-íris com a água e a luz do sol, afinal as mensagens de íris ainda eram o meio mais seguro de se comunicar com os outros semideuses, principalmente com o acampamento. Retirei de meu bolso uma moeda de dracma e joguei contra a água, murmurando que almejava falar com Quíron ao mesmo tempo em que mantinha em mente a imagem do centauro. Não mais que alguns segundos depois, como uma imagem holográfica feita pelo arco-íris, um homem em uma cadeira de rodas apareceu. Sua fisionomia era de um senhor preocupado, com o cenho franzido enquanto mantinha uma mão no rosto coçando a barba.

-Quíron – chamei sua atenção, minha voz pareceu surpreendê-lo – Terminei a missão. O rapaz era mesmo culpado.

-Conseguiu captura-lo? – Quíron indagou ajeitando as costas no encosto da cadeira.

-Sim, ele está preso no estômago da Viper – respondi sem emoção na voz, como era costumeiro meu.

-Pandora...

-Não sou eu quem irá julgá-lo, mas os juízes do submundo, quem melhor do que eles? – argumentei sem muita paciência – Seguirei viagem o mais rápido possível e...

-Preciso de outro favor seu – o treinador do acampamento interrompeu-me enquanto ainda era tempo, ele sabia que assim que eu dava as informações necessárias desligava a “ligação” – Algo de sério aconteceu por aqui e com a deusa Nêmesis, é uma missão importante e provavelmente perigosa.

-Onde? – apenas perguntei não me importava em fazer missões, nem qual o seu nível de dificuldade.

-Romênia. Irá encontrar uma parceira lá, conhece a jovem. Tem de partir o mais rápido possível para conseguir alcança-la no aeroporto de Bucareste.

Antes que eu pudesse reclamar de ter uma parceira de missão Quíron interrompeu a mensagem de íris. Minha vontade era de resmungar, mas meus músculos faciais permaneceram inalteráveis. Desliguei o chuveiro e retornei para o quarto para começar a arrumar a minhas poucas coisas. Sempre tinha apenas o necessário, uma ou duas mudas de roupas, minhas armas e apetrechos, um cartão de crédito e as chaves de minha moto. Ao sair de meu quarto e dirigir-me a recepção todos ali presentes fizeram silencio ao encarar-me. Não que eu fosse uma linda filha de Afrodite para paralisar a todos, não, pelo contrário, minha presença inspirava a morte e isso amedrontava os humanos. O que facilitava a minha vida de antissocial. Depositei a chave sobre o balcão mal olhando para a recepcionista que recuou nada discretamente alguns passos. Fui para fora e avistei a minha moto Harley Davidson, eu poderia até sorrir se estivesse de bom humor, mas apenas segui até a motocicleta e a monte de forma quase despreocupada.

Liguei, dei a partida e sai dali cantando pneu e sem me importar com os limites de velocidade ou em usar um capacete. Não era necessário. Porém, assim que a moto afastou-se da estrada principal dei uma olhada ao meu redor para checar se não havia nenhum veículo por perto. Dessa vez, mesmo que rapidamente, um sorriso de canto brincou em meus lábios. Acelerei mais a moto produzindo um ronco cada vez mais sinistro, ativando o modo Evil de minha moto. Não tardou para que o veículo começasse a se transformar em pleno movimento, eu podia sentir em minhas pernas as engrenagens e metal se desdobrando para dar a forma de uma moto demoníaca. As rodas começaram a pegar fogo e quando acelerei a moto disparou a frente, deixando um rastro de fogo por onde passava. Chegaria a Bucareste mais cedo do que Quíron poderia imaginar.

{...}

Olhei para o relógio digital em uma das paredes, a minha nova parceira deveria estar chegando. Eu não gostava muito da ideia, teria de me preocupar com a segurança de mais alguém que senão a minha. E isso eu já não estava fazendo mais muito bem quanto antes. Sem desconsiderar um fato crucial nessa história, era uma filha de Hades veterana e consideravelmente forte, lutar ao meu lado é o mesmo que ver o demônio por diversas vezes. Não eram todos que tinham coragem para isso. Contive um suspiro exasperado, cruzei os braços e encostei o ombro em um pilar. Usava as minhas típicas roupas pretas, com direito a botas e um sobretudo longo. Em minhas costas estava a minha espada embainhada, no meu pulso uma pulseira feita de ossos que raramente saía dali. No meu pescoço estava um colar especial, com uma pérola e um anel como pingente, sabia que deveria tê-lo tirado dali... Mas faltavam-me coragem e vontade de acreditar que as coisas aconteceram daquela forma.

Apesar de meus receios, o destino se mostrou um pouco favorável a mim naquele dia. Eu a reconheci da mesma forma que ela me reconheceu. Afinal não eram muitos os que podiam andar vivos no submundo. Tínhamos nos cruzado algumas vezes, chegando a manter uma conversa ou outra, apesar de sempre serem curtas por causa da minha mania de não parar mais quieta em um único lugar. Ao menos eu poderia ter certeza de que ela não era nenhuma campista boba ou despreparada. Como uma Anarquista da Discórdia ela conhecia muito bem o outro lado da moeda, o lado sombrio do que chamamos de vida. Quando ela me cumprimentou com um sorriso, apenas acenei com a cabeça em um cumprimento e me afastei da pilastra.

-Conte-me o que aconteceu – pedi em um tom calmo, apesar de meu timbre ainda conter aquele resquício gélido na voz.

Ela fez um rápido resumo. Nêmeses roubada, ameaça ao acampamento. Uma deusa da vingança jurando destruir o lar dos semideuses que tão duramente reconstruíram... Realmente era uma missão de urgência. Assim que ela terminou de contar a história a chamei para me acompanhar em um simples gesto de mão, a levando em direção a minha moto que estava em seu modo normal.

-Espero que não tenha medo de velocidade – acabei por pensar alto.

Montei a moto e sem engatar nenhuma marcha a acelerei da forma correta para ativar o modo Evil. As pessoas dali nos encaravam, não por poder enxergar a minha moto em sua verdadeira forma, porém apenas surpresas por uma garota estar em uma máquina como aquela. Ou talvez apenas incomodada com o barulho. Esperei que a filha de Hécate montasse na moto para dar partida e sair em nossa missão.

Armas Levadas:

Resumão:



thanks juuub's @ cp!  
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Mensagem por Jessie R. Archer Sáb Jul 27, 2013 6:47 pm

In the end,
As you fade into the night...
Who will tell the story of your life?


04:19 P.M.
Bucharest - Romania
Act Three.

obs: I'm wearing this.

Devo dizer que é difícil procurar um grupo de ladrões em uma cidade de dois milhões de habitantes, que recebe cerca de cinquenta mil visitantes por dias. Sabe a metáfora da agulha no palheiro? Era nessa situação que Pandora e eu nos encontrávamos. Logo, antes de partir para a ação, precisávamos fazer um reconhecimento da cidade. Conhecer, depois agir. Assim, foi combinado entre nós duas que iríamos até o centro da cidade, perguntar aos lojistas e conhecedores da cidade, sobre a criminalidade do local; onde se concentrava, quais as maiores atividades... enfim, o tipo de lugar perfeito para um filho de Hermes agir sem ser notado de forma incomum.

Fomos na moto de Pandora, que obviamente não era uma moto comum, e chegamos rapidamente em nosso destino. A propósito: se tenho medo de aviões, andar de moto é quase um paraíso para mim. A sensação de liberdade oferecida é única. No centro de Bucareste, entramos em pequenas lojas, obtivemos as informações e saímos. Infelizmente, o que deveria ser a parte mais fácil de nossa missão, foi complicada. Eu transparecia uma alma misteriosa e, ao mesmo tempo caótica, enquanto Pandora exalava morte e dor em cada passo. Isso amedrontava qualquer humano comum que nos atendia, por mais educada e calma que eu fosse (ou impaciente e fria, como os olhares de minha companheira). Porém, conseguimos informações suficientes para prosseguir nossa missão.

O crime organizado não era muito comum na cidade, nem crimes violentos, como sequestros e assassinatos. Uma parcela significativa da população era cigana, e mantinha suas tradições bem vivas durante festas e parques de diversões de rua, ocasião onde uma grande parcela dos furtos e trapaças ocorridos eram cometidos contra os milhares de turistas que circulam em Bucareste no começo deste verão. Um idoso sentado no banco da praça central disse-nos que era comum ver crianças praticando esse tipo de crime. Troquei um olhar com Pandora ao receber a informação.

- Tenho para mim que sejam crianças cometendo os furtos. - pensei em voz alta, enquanto sentia os últimos raios de sol do dia aquecendo a minha pele, perto das cinco horas da tarde. A filha de Hades argumentou que havia alguém por trás, coordenando os roubos e usufruindo os frutos do trabalho. Restava saber se o roubo do colar fora um ato premeditado ou se Nêmesis fora um alvo por puro acaso, tomada como uma humana comum. Bom, isso só descobriríamos quando encontrarmos os responsáveis pela confusão. E estávamos mais perto de fazer isso, pois nosso reconhecimento estava terminado.

- Jessie. - levei meu olhar na direção de um panfleto colado na janela de um estabelecimento, que Pandora me apontara. Um pedaço de papel amarelado com uma foto de uma roda gigante, e algumas informações em romeno e inglês, que diziam que o "maior parque de diversões da Romênia!" estaria em funcionamento o dia inteiro amanhã. - E aí, Pandora, quer andar na roda gigante? - sorri levemente e arranquei o papel da janela. - É em Ferentari, o distrito dos ciganos. Faz sentido. - levantei uma sobrancelha para minha acompanhante. - E ai, o que você diz? - perguntei, ainda segurando o folheto. Por ela ser mais experiente, deixei que tivesse a palavra final em nossas ações.

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