♦ No Light, No Light ♦ Missão One-Post para Christian Graham Boyd

It's always darkest before the dawn

Como lhe era de costume, Christian mais uma vez encontrava-se andando por locais perigosos à seu próprio risco. Obviamente sabia dos perigos que corria ao andar pelo acampamento à noite - isso era bem explicado aos recém chegados como ele. Sua teimosia poderia ser explicada, então, por idiotice ou falta de medo. Devido a sua personalidade, a segunda opção era a mais coerente. Não que ele se descuidasse tanto assim: levava aquela arma que tinha ganhado quando fora reclamar pela deusa da magia, um cetro.

O motivo era simples: a noite era sempre a melhor hora para ele. Mesmo que esse gosto pudesse ser associado ao seu parentesco divino, seria errado dizer que a escuridão não tinha nada haver com a sua personalidade em si - e, assim, determinar que seu comportamento derivar-se-ia totalmente de algo como uma ascendência quaisquer.

Assim como o Infinito que tanto amava, haviam algumas coisas obscuras demais dentro de si. Se fosse fútil a ponto de ter um coração, ao qual todos se referiam com a maior naturalidade, tinha certeza que este seria negro. Por algumas coisas aqui e acolá... pois é.

No entanto, isso não vem ao caso.

Os farfalhares da noite pareciam ser, além do som abafado de suas pegadas na relva, os únicos sons a se pronunciarem na calada da noite. Prestando atenção lá no céu, por dentre os galhos das árvores, poderia dizer que tinha mais uma hora e alguma coisa de escuridão antes que o Sol finalmente desse sinal de vida. Tinha de aproveitar, pois, o resto de seu tempo ali; e o faria tranquilamente se não fosse por um outro som que perturbava a calmaria do âmbito.

Christian...

E ele olhava em volta: quem estaria falando com ele, chamando seu nome? Aliás, porque estaria logo ali na Floresta?

Christian...

E assim se repetiram mais algumas vezes. A voz era sedutora como a de uma sereia. Mesmo que seu sub consciente lhe dissesse para retroceder, Boyd não parecia assim tão disposto a voltar. Suas pernas pareciam ter algum impulso divino (talvez o fosse, não?) para continuarem impelindo-o mais e mais para o centro da Floresta. Avaliando a situação, talvez fosse algo que não pudesse controlar - se fosse assim, deixaria-se levar pelo som da voz. Tinha passado um dia como qualquer outro, monótono e lento, que poderia vir a melhorar ali.

Não demorara a encontrar o que poderia potencialmente melhorar o seu dia. Nada melhor para agitar o sangue do que por todo o corpo para funcionar, sim? Sua mente, que resistia àquela voz, podia distinguir um ser de aparência dual: meia vampira, meia animal, era provavelmente um daqueles monstros que os semideuses chamavam de... como era mesmo? Ah, sim - era uma empousa. Não sabia muito sobre a mitologia grega em específico - algo que teria de melhorar -, mas poderia dizer que cada monstro tinha um correspondente, direta ou indiretamente, em outra mitologia. Christian conhecia bem a nórdica, assim como conhecia Teorias do Caos melhor que ninguém; logo, aquele ser ali não lhe surpreendia em nada. Não poderia, porém, subestimá-la...

Ainda mais quando suas garras brilhavam na claridade tênue que conseguia passar por entre as altas copas das árvores. Um sorriso viperino, provavelmente de quem iria atacar uma presa que não demonstraria reação (normalmente, as pessoas são levadas pela hipnose), aparecia no rosto da monstra; ela cobria a distância que os separava rapidamente, mesclando-se às sombras como se fosse parte destas. Esta semelhança, no entanto, era compartilhada por ambos. Christian também era uma cria da escuridão - provavelmente ainda mais do que ela o era.

E segurando o cetro com a mão direita, criara três esferas de energia, brilhantes, que eram arremessadas em uma surpresa empousa com uma velocidade impressionante. Boyd não sabia dessa capacidade peculiar de sua arma, mas fora uma surpresa um tanto quanto agradável. A explosão não fora lá essas coisas, mas o suficiente para iluminar o ambiente por um momento e desequilibrá-la. Talvez fosse seu sexto sentido de semideus despertando? Bem, sendo um despertar ou não, o importante era que a empousa parecia temporariamente cega, e ele aproveitara-se disso aproximando-se desta, chutando-lhe a articulação do joelho (a animal, não a de bronze). O efeito foi imediato: ela caiu no chão, e o cetro que Christian apontava-lhe logo em seguida sofria uma transformação. Havia tornado-se uma espada.

Quantas funcionalidades desconhecidas tinha aquela arma?

▬ Como você sabe o meu nome? ▬ perguntava de forma abrupta, calma, o tom de voz baixo e claro.

A ponta da espada de prata cutucava a garganta dela, sem fazê-la sangrar, mas dando um gostinho do que poderia acontecer.

▬ Ninguém!

Resposta errada. Boyd presumia que aquele local tinha uma relativa segurança, logo não permitiria que monstros entrassem à esmo. Por este motivo, eles necessitariam de alguma forma de autorização para entra no lugar. O garoto preparava-se para afundar a espada na garganta dela quando, com uma força inumana, a lâmina fora empurrada para o lado e o corpo se levantou, arranhando-lhe na barriga com as garras. Seu reflexo de ação foi imediato, atacando a monstra na mesma região onde tinha sido atacado, com o diferencial de ser uma estocada - esta, porém, prontamente desviada.

Ela agora atacava-o mais uma vez, vinda de sua esquerda, e teria acertado-o mais uma vez se seus instintos não falassem mais alto. Jogou o corpo para baixo, impulsionando-se numa rápida cambalhota, e fazia um arco com a mão direita para acertar a monstra com a lâmina; desta vez com sucesso. Por estar com o corpo baixo, mesmo a sua boa estatura não garantira-lhe um corte mais acima (poderia tê-la decepado com o movimento), acabando por acertá-la um pouco acima da região ventral. Com um grunhido, ela tentava estancar o sangramento que não era lá uma hemorragia, mas algo para se preocupar de qualquer forma. Christian se afastava, ele mesmo tateando a região em sua barriga que tinha sido arranhada por ela para constatar a profundidade. Por sorte, talvez, tinha sido algo superficial.

Se fosse um pouco mais experiente, e se essa fosse sua conduta, poderia tê-la atacado nesse momento onde ela desviava a atenção. Matá-la teria sido fácil. Mas...

▬ Não é prudente proteger essa pessoa, seja ela quem for. Vou acabar descobrindo, com ou sem a sua ajuda. ▬ dizia ele, ainda com o mesmo tom inalterado. Quando dizia que faria algo, realmente faria.

Ela pareceu grunhir algo, e por entre dentes vampíricos, poderia distinguir-se um murmúrio.

▬ Mesma prole. ▬ repetiu, fazendo sua voz soar clara e alta. Ela, ao olhá-lo nos olhos, talvez tivesse percebido algo que no começo não tinha percebido. ▬ Desculpe, desculpe-me...

E então ela corria para longe. Um pouco surpreso, o garoto parava para pensar um pouquinho para ver se chegava a alguma conclusão. Mesma prole provavelmente se referia a ele (e, logicamente, seus meio-irmãos) e o desculpe-me não se encaixava em nenhuma das lacunas que podia criar. Teria de pesquisar mais sobre sua mãe assim que pudesse, assim como deveria pesquisar sobre a mitologia em geral. Num movimento inverso, revertia sua espada para cetro mais uma vez, começando a entender que não tinha sido coincidência ele poder fazer isso. Era uma habilidade interessante, decerto.

Christian deu uma olhada em volta. Faltavam ainda alguns minutos para o amanhecer, e a escuridão era quase total no âmbito florestal. Sairia dali logo, evitando ser visto pelas harpias, para voltar ao seu chalé. Antes de dormir, tinha algumas perguntas que poderia passar o dia inteiro à matutar...

Itens Levados:

Poderes (Hécate):

Considerações: