Gods! Give me patience!

You hit me once, I hit you back. You gave a kick, I gave a slap. You smashed a plate over my head, then I set fire to our bed!

O tempo no acampamento estava começando a ficar incômodo para mim. Gostava quando estava frio e as nuvens cobriam o sol, o que fazia com que o dia ficasse mais escuro e muito melhor para mim. A claridade e todos os tipos de luz me incomodavam diariamente, ainda mais dentro do Acampamento Meio-Sangue onde quase nunca é inverno. Então estávamos em Janeiro e o sol queimava as minhas costas enquanto eu treinava na arena contra um filho de Dionísio. O garoto era um pouco escroto e seus ataques não tinham perfeição. Fui à vitória três vezes e então joguei minha espada no chão, cansando daquela brincadeira, seria melhor eu continuar no meu chalé e tentar fugir do calor. Não adiantou de nada ficar preso naquele lugar junto de meus poucos irmãos. Eu não me dava muito bem com alguns deles, mas os outros eram até aceitáveis. Todos estavam irritados com aquele calor infernal e pelo menos nisso conseguíamos concordar uns com os outros, porém não mudava o fato de termos opiniões diferentes em outros assuntos. Eu sempre fui um garoto de pavio curto desde quando cheguei ao acampamento.

Fui o primeiro filho de Érebo a ser aceito por Quíron e Sr. D, então eles deveriam beijar os meus pés. Tudo bem, eu sou um pouco ignorante e não aturo coisas mal feitas, mas é isso que me torna o melhor entre eles. Enquanto um filho de Érebo não fosse escolhido para ser o conselheiro, eu dava as ordens ali, e foi isso que fiquei fazendo nas duas primeiras horas depois do almoço. Aquele calor já estava me deixando enjoado e irritado. Eu não queria mais ficar naquele quarto olhando para os rostos pálidos e estranhos de meus irmãos. Mas para onde eu iria? Em todo lugar estava brilhando um sol irritante que me deixava sem paciência nenhuma. Aliás, eu nunca tive muita paciência, ainda mais nessas circunstâncias! Até que uma ideia surgiu, e eu não sabia muito bem se era boa ou ruim. Naquele calor todo, eu só precisava de um lugar calmo e que muitas pessoas não tinham a intenção de visitar. A maioria dos semideuses preferia ficar na praia, naquelas piscinas naturais, então talvez fosse uma ideia aceitável da minha parte.

Coloquei uma bermuda qualquer e peguei uma camiseta sem manga, saindo do chalé e começando o meu trajeto até o rio – mais precisamente até a cachoeira. Quase todos os semideuses estavam trajando roupas de banhos e fazendo um caminho rápido até a praia. A minoria continuava na arena para treinar, com certeza eram aqueles novatos que Quíron obriga a treinar todos os dias. Devo admitir que talvez alguns deles tenham futuro, mas outros... Bom, outros devem arrumar logo um bom seguro de vida porque não irão durar muito tempo vivendo como semideuses. Andei entre as árvores diversas da floresta até alcançar o rio, logo a cachoeira onde, como eu tinha dito, não havia quase ninguém. Exceto por um casal do outro lado, que quase não dava para notar, e uma menina morena deitada no chão pegando sol sobre uma grande pedra. Corri o local com meus olhos e felizmente encontrei uma árvore grande o bastante para produzir uma sombra agradável. Sentei-me sob o carvalho e tirei do bolso da bermuda meu maço de cigarros e isqueiro.

Acendi um cigarro e o fumei rapidamente, em poucos minutos, como sempre fazia. O calor naquela parte parecia maior, o que me deixou ainda mais estressado. Não havia para onde fugir, para se esconder daquela quentura que queimava as suas costas em dois segundos. Depois me perguntavam por que eu não gostava de Apolo. Por fim resolvi me render àquele calor e me levantar. Caminhei até perto da pedra onde a tal menina permanecia deitada e tirei minha camiseta, deixando-a caída ao meu lado. Passei minha mão pelo rosto e suspirei pesadamente, e em um salto fiz as águas da cachoeira se movimentar ainda mais. Senti um enorme alívio quando as águas refrescantes da cachoeira entraram em contato com a minha pele. Ficaria ali pelo resto da tarde se fosse preciso. Emergi novamente e passei a boiar por alguns instantes, até dar o tempo de sentir mais calor e mergulhar novamente.
 

WITH: NPC'S. ❤ NOTES: ESPIRRANDO ÁGUA NA LYSS! *u* Q

There's a spark in you...

Era mais do que óbvio o fato de que não escolhera tomar sol na praia como a maioria dos semideuses daquele acampamento. Não gostava de me misturar com os demais e quando o fazia, tinha que deixar em alta a razão de estar ali e quem era. Independente de ser filha de Júpiter e não Zeus, como chamavam o meu pai na cultura deles; ainda era a mais forte entre os filhos deste então merecia o máximo de respeito de meus irmãos romanos, gregos e familiares também. Ri baixinho com tal pensamento e apressei meus passos em direção à cachoeira. Gostava de tempo quente, muito aliás, eram dias excelentes para que pudesse tomar sol e ganhar belas marcas de biquíni, não que fosse tão superficial assim a maior parte do tempo... não era, ou era. Não fazia diferença.

Sem ao menos chegar ao local direito, coloquei a bolsa que carregava nas raízes de uma árvore próxima e retirei o leve vestidinho jeans que usava, fazendo o mesmo com as sandálias para poder enfim, ficar apenas com um conjunto preto de biquíni no corpo. Sem muito enrolar, coloquei os fones no celular e peguei dentro da bolsa os óleos de bronzeamento, já adiantando os passos até a enorme pedra que ficava dentro da cachoeira - bem perto da quebra d’água. - era de praxe, não tinha como ir ali e não subir em cima da mesma para tomar sol, de fato.

Passei os óleos pelo corpo pouco antes de me deitar sobre a pedra, a água estava tão límpida e transparente que me deixava com uma vontade anormal de entrar nela, antes mesmo de tomar sol, porém, não o faria se não, teria o trabalho de repassar toda aquela coisa no corpo e a preguiça, meu bem, era o meu nome do meio, talvez fosse o primeiro se mamãe não tivesse tido a fantástica ideia de chamar-me de Alyssa. Sentei-me lentamente, me deitando em seguida com as costas virada para cima. Ajeitei os fones de ouvidos e joguei os cabelos de lado, para impedir que esse, marcasse minhas costas em outra tentativa de bronzear-me naquele local, sim, tentativa, sempre era atrapalhada por alguém.

Os minutos se passavam calmos e como tinha tido a certeza que aconteceria, se não era algum irmão, era Enzo para me atrapalhar de alguma forma. Ignorei sua presença até me onde era possível, porém, não o pude fazer por mais muito tempo, já que esse, pulara na piscina da cachoeira, fazendo com que gotículas de água voassem em direção ao meu corpo. Revirei os olhos, enquanto me sentava sobre a pedra e encarava a água com o cenho franzido, esperando que o moreno tornasse a superfície. – VOCÊ. É. UM. IDIOTA! NÃO VIU QUE EU ESTAVA TOMANDO SOL? – Gritei um tanto histérica assim que o garoto aparecera e me levantei, resmungando baixo e pulando a pedra para a parte das gramas. Iria colocar o celular lá, antes que ele fizesse o favor de afoga-lo também.

You hit me once, I hit you back. You gave a kick, I gave a slap. You smashed a plate over my head, then I set fire to our bed!

Eu poderia ficar ali o dia inteiro, tomando banho naquela deliciosa água fresca da cachoeira. Estava tudo muito tranquilo e parecia que ninguém apareceria para atazanar o meu juízo. Eu estava até ficando menos estressado com as coisas que estavam acontecendo ultimamente no acampamento – principalmente coisa envolvendo as proles de Érebo. Tudo estava muito bom... Até eu ouvir a voz chata de uma guria que conhecia muito bem, infelizmente. Eu ainda estava boiando quando a menina de longos cabelos escuros se levantou e começou uma histeria que me fez revirar os olhos. Fiquei em pé na piscina da cachoeira, de modo que meus pés tocassem as pedras do fundo da mesma. Ri baixo com o estresse extremo da garota e ri ainda mais com o que ela dissera. Balancei a cabeça negativamente e dei alguns passos a frente. – Sabe, garota... Você é a primeira pessoa que toma sol. Diga-me: que gosto ele tem? – Cruzei os braços na frente de meu peito e a encarei com um sorriso debochado. Tudo bem, eu admito que aquela fora uma piadinha muito sem graça sobre "tomar sol", mas qual é! Eu adorava irritar aquela garota. Era mais que divertido e rendia boas risadas.

Ainda me lembro do dia que nos conhecemos. O Acampamento Meio-Sangue e o Acampamento Júpiter haviam acabado de passar por uma guerra, guerra esta que nos fizera migrar para a Grécia, onde os acampamentos foram obrigados a se unirem e, assim, tentar acabar com a rixa entre ambos e trabalhar juntos. De imediato eu soube que nunca iria dar certo colocar gregos e romanos no mesmo território. Eu, por exemplo, detesto toda essa gente. São inferiores a nós, gregos, e parecem que cada um carrega um rei na barriga. Com isso eu quero dizer que eles se acham os reis do pedaço e que podem nos dar alguma ordem sequer. Isso aconteceu comigo e com Alyssa. No dia em que eu estava ajudando Quíron no treinamento de novos campistas, a morena apareceu e achou que sabia mais do que eu. Logo soube que ela era romana apenas pelo simples fato de eu não ter ido com a cara dela desde aquele momento. Nós discutimos e fomos separados por Quíron quando ele viu que a discussão estava ficando séria e a minha paciência estava se esgotando. Alyssa era insuportável e eu detestaria ter que dividir o meu espaço com ela novamente.

Porém, eu não poderia ficar evitando-a sempre, já que os acampamentos agora estão unidos – e além do mais, eu não iria ficar deixando de ir aos lugares que eu queria pelo fato de ter uma romana indesejada pelos arredores. Eu preferia fingir que ela não estava ali, o que na verdade seria a mesma coisa, pois ela não fazia diferença e nem faria se não cruzasse o meu caminho ou mexesse com a minha paciência. Eu não sou um cara explosivo, mas ela consegue me deixar irritadiço sempre que aparece como naquele exato momento. Eu não fazia ideia de que a menina que estava deitada na pedra era Alyssa, e fiz bem não ficar olhando tanto para ter a certeza de quem era. Porém, não adiantou nada porque agora havia uma garota de longos cabelos totalmente irritada por eu ter espirrado água nela. Aquilo estava até engraçado e eu lutava para esconder a minha risada. Mergulhei novamente, deixando com que ela continuasse a tagarelar mais um pouco, e depois emergi novamente, agora mais perto da borda, onde já podia ficar em pé direito e a água batia em minha cintura. Saí da cachoeira e passei ao lado dele bagunçando o meu cabelo, o que fez espirrar ainda mais água nela. Ri baixo e fui até o carvalho onde estavam minhas poucas coisas.

– Desculpe-me, senhorita Não-me-toque. Não sabia que não gostava de banho. – Abri um sorriso sacana e me encostei ao tronco da árvore, acendendo mais um cigarro e fiquei fitando-a com atenção. – Sabe... Você deveria experimentar tomar banho de vez em quando. Dizem que faz bem pra saúde e – levei o indicador até minha cabeça – para o raciocínio, que... Bem, é o que você está precisando também. – Minha risada soou sarcástica mais uma vez, e então eu dei uma longa tragada em meu cigarro, ergui a cabeça e soltei a fumaça aos poucos. Voltei a fitá-la e arqueei ambas as sobrancelhas e dei um meio sorriso. Ai, ai, já disse que adoro ficar perturbando-a?
 

WITH: ALYSSA. ❤  NOTES: MUY ROMÂNTICO. *u* Q