[RP FECHADA] Wake me up...

O dia estava sendo no mínimo cansativo, ou exaustivo como fosse preferível. Não gostava de ficar acordada enquanto o sol ainda pairava, lindo em pleno céu, brilhando perfeitamente graças à Apolo. Bem, que não gostava de toda aquela iluminação era um fato que, honestamente, ainda dava para ser tolerado, perto de tantos outros que passavam sendo quase insuportáveis para mim. Tipo: Sentia uma falta imensurável de casa, dos meus amigos e da vida ao menos um pouco normal que tinha antes de saber a verdadeira realidade da minha vida. Ora, se soubesse eu na época que tudo seria daquela forma, tinha pensado dez vezes antes de reclamar uma vezinha se quer das mudanças de cidade que fazia - obrigada - com o papai.  Não que mudar de cidade há cada dois meses fosse bom, pelo contrário, mas ainda assim, era melhor do que viver naquele lugar, longe de papai e de minhas pequenas princesas.

Respirei fundo e me levantei da pedra sem muito hesitar, a praia estava vazia o que dava uma aparência um tanto solitária para ela, porém, não menos bela. Mordisquei o lábio inferior de leve, enquanto tombava a cabeça para trás e me punha a caminhar sem um rumo certo. Em duas semanas naquele acampamento, conhecera poucas coisas, já que dispensara meu guia logo de inicio. Não tinha interesse em ficar ali, tampouco fazer amizades com aquelas pessoas estranhas que possuíam os mesmos problemas que eu. No fim, seria algo que não me acrescentaria em nada, afinal, não iria chegar pra um ali e dizendo: Oi, sou Maëve, ali, da turma 3457i, poderia me ajudar em álgebra? Não seria mais assim, e tinha que aceitar esse pequeno fato. A brisa suave beijava minha face como uma amiga um tanto intima, o que me reconfortava em certos aspectos.

Quando dei por mim, meus passos me guiavam por entre as árvores, as frestas de luz transpassavam os vãos que existiram em meio as folhas e deixavam o lugar ainda mais belo do que já era normalmente. Podia ouvir o som de alguns bichinhos, alguns pássaros que passavam por ali e até menos as ninfas que correriam e riam, indo de um lado a outro, era estranho, não estava acostumada com todas essas coisas míticas e isso, bem, estava mais do que claro. Deixei que minhas pernas voltassem a me guiar por aquele local, sem um rumo certo, até de longe, finalmente avistar um lugar extremamente belo. – Wow. – Sibilei, enquanto prendia os fios loiros em um coque e apressava um pouco mais os passos, assim, como todo paraíso, conforme mais eu andava, mais parecia distante e por muito, poderia até julgar ser um sonho, ou melhor, dizendo, quem sabe um pesadelo?

Por fim, fora possível alcançar as árvores e enfim a clareira, o local era amplo e tão, como dizer? Fantástico! Talvez, nunca tivesse estado em um lugar tão bonito antes o que era outro ponto ao favor daquele acampamento que agora, teria que chamar de casa. Se à luz do sol o local era tão esplendoroso assim, como será que seria à luz da lua?  Tornei a mordiscar o lábio inferior, porém com um pouco de força, enquanto tentava, sim, tentava em vão pular um tronco que se encontrava logo a minha frente, o tombo fora lindo, ou melhor, quase lindo no sentido bem irônico da coisa. Se algo ou melhor, alguém não tivesse servido de colchão, com toda a certeza, teria no mínimo, doido um bocado. – Ai, cortou. – Choraminguei baixinho, enquanto levava o polegar ao lábio inferior, para limpar a frestinha de sangue que se formava no mesmo devido à mordida mais forte que havia dado – quase tinha arrancado um pedaço dele na verdade, porém, isso não vinha ao caso. Ao me tocar finalmente onde eu me encontrava e que a menina que havia servido de colchão anti-impacto me encarava um tanto curiosa, pude sentir minhas bochechas latejarem de tão quente e um rubor completamente chato tomar minha face. Levei as duas mãos em frente aos lábios como se pedisse desculpas apenas com um olhar e me toquei que tinha que me levantar e me desculpar por aquilo da forma correta. – Me... Me desculpe, er. Eu não vi. – Gaguejei enquanto usava uma árvore de apoio para tentar me levantar, porém, fora em vão, voltara a cair em seu colo totalmente desajeitada. Ótimo, meus parabéns Maëve, você merece uma salva de palmas. Mas que belo jeito de fazer amizade... esmagando as pessoas.

Estava sem graça, pelos Deuses. Muito sem graça, duplamente, triplamente e infinitamente sem graça. Não sabia dizer ao certo se era por causa do comentário com duplo sentido da morena ou se era por ter caído em cima dela e ainda estar parada como um dois de paus, completamente imóvel. Mais uma vez, merecia uma salva de palmas pela santa inteligência, Maëve. Me xingava mentalmente, enquanto encarava a menina com uma expressão um tanto envergonhada. De certo ainda estava com as bochechas vermelhas, e os cabelos... Bom, o vento fez questão de passar e tirar o coque mal feito que havia feito nos mesmos, deixando aqueles fios dourados ainda mais bagunçados e espalhados do que estavam no momento da queda. Lindo! Até mesmo o vento tinha um complô absurdo contra mim. Um tanto hesitante e ainda sem muita coragem para me levantar do colo da menina, desviei o olhar brevemente para o resto da clareira tentando de forma vã organizar meus pensamentos que estavam mais bagunçados que aqueles fiozinhos que tinha na cabeça. Xô, xô, Maëve, já deu a hora de sair do colo dela, ainda que: você nem a conhece pra querer tirar para si, tanto tempo para por em ordem essa muvuca que tem na cabeça, ainda mais usando OUTRA PESSOA DE SOFÁ.

Apoiei-me novamente na árvore tentando de uma forma extremamente desajeitada a me levantar, como dizer que se caísse novamente em cima dela teria um colapso? Pois bem, quase havia acontecido de novo, mas tivera a grande ideia de fincar as unhas no tronco, para assim, conseguir me equilibrar e por novamente em pé. Uma coisa que não notara de primeira era: Como o sorriso dela era bonito, por Zeus. – Me desculpa, de verdade. Eu não tinha te visto e er, fiquei um pouco... – Pausei a frase e mordisquei o lábio inferior de leve, resmungando baixinho em seguida devido ao pequeno corte que havia feito no mesmo há alguns minutos atrás. – Quer dizer, fiquei muito encantada com o lugar. – Concluí dando de ombros. Em um gesto rápido, passei as mãos pelas roupas, para tirar o pouco de folhagem que haviam ficado presas ali, desviando novamente o olhar para o dela. – Aliás, seu sorriso é lindo, uh... e por Zeus, como estou sendo mal educada. Além de cair em cima de você, nem te ajudei a levantar. – Bati as mãos em um gesto um tanto infantil em minhas próprias coxas, estendendo logo em seguida uma das mãos para que a morena pudesse pegar. – Maëve, prazer. – Murmurei por fim, deixando que um pequeno sorriso crescesse em meus lábios.