The Grand Canyon – Jessie R. Archer e Theon S. Osborn (Missão Comum)

A boy, a girl...
and the Discord herself.

Eu sempre fui uma pessoa que sabia se controlar. Ou melhor... Tentava. Mas, no fundo, tinha aquela partícula ínfima dentro de mim que sempre me trazia problemas. A partícula do caos, era como eu passei a chamá-la. Porque foi ela que trocou completamente o rumo da minha vida. Eu planejava viver no Acampamento Meio-Sangue, treinando e ajudando todos, ser considerada um exemplo, e... E aí, o que aconteceria? Pensando bem, eu não tinha um caminho definido a tomar. Então, a mudança foi boa. Era tudo uma questão de perspectiva. Foi apenas uma noite. Uma caminhada até a floresta, e a deusa que ali apareceu. A deusa a qual decidi seguir pelo resto de minha existência.

Depois disso, todos ao meu redor simplesmente se afastaram. Eu sei que eu estava diferente, mas eles pareciam... Com medo. Ah, não me importa, de fato. A não ser... O sacrifício que eu tive que fazer. Uma pessoa que eu tive que deixar para trás. Meu coração ainda doía de pensar nisso, então eu não pensava. Bloqueava esses pensamentos como se os prendesse em uma gaiola e jogasse fora a chave. E assim consegui suportar a dor, até que ela se tornou comum e desapareceu.

Saí do Acampamento sem olhar para trás. Desci a colina do Pinheiro, lugar que eu vi pela primeira vez há um pouco mais de um ano... E eu sabia que iria voltar, por mais que me sentisse odiada ali. Era assim que Éris, a deusa a qual eu seguia, se sentia no Olimpo. E eu tomei essa decisão por saber que, no fundo, tínhamos isso em comum. Por mais que uma vez eu tivesse chamado o CHB de lar... Agora não o era mais. E não adiantava lamentar por isso. Mas Alice ainda estava lá. E Kyle, e Piper. E Allun...


Gosto de ficar de costas na cama, com os braços atrás da cabeça, "olhando" o teto do quarto no escuro e escutando música. Dependendo da música, você simplesmente se perdia em pensamentos, e naquele instante eu estava ouvindo Feel Good Inc., do Gorillaz. Mas eu não estava pensando em nada especial. Apenas no quão complexa a mente humana podia ser e o limite da imaginação dela. Ou seja, um assunto interessante de pensar sobre, mas um pouco enlouquecedor, confesso. Mas eu gostava de tentar inventar teorias e hipóteses, mesmo que nunca tivesse a resposta de certas perguntas.

Consultei meu relógio de pulso. Já faziam alguns dias que eu estava ali naquele... castelo, e tinha perdido a minha noção de tempo (que já não era muito grande). Enfim, o dia estava apenas começando, e eu pretendia fazer qualquer coisa que espantasse meu tédio. Não precisei ir muito longe, escutei a voz de Éris dentro de minha mente... Uma voz doce, mas que você sabia que era perigosa. Como um frasco de veneno com o rótulo chamativo. Mas eu não sentia medo. O que eu sentia pela deusa da discórdia estava mais perto da devoção... de uma maneira que nunca me senti com Hécate, que eu ainda acreditava que havia abandonado Alice e eu.

Enfim, Éris pedia a minha presença no salão principal e eu me levantei automaticamente, descendo as escadas de dois em dois degraus, pensando nas palavras dela. “Amores...” Então, eu não estava só no castelo da deusa da discórdia, no Tártaro? Bem provável que não. Não haviam muitos Anarquistas, como eram chamados nós, seguidores de Éris, mas era bem provável que eu não conhecesse nenhum, mesmo. Desci até uma ante-sala onde vários corredores se cruzavam, e continuei seguindo até chegar ao local indicado por ela; o salão principal.

Logo ficou claro quem era meu outro companheiro, que vinha do lado oposto do salão. Theon, o filho de Poseidon. Eu já o conhecia de longe, mas também não tive muito contato com ele. Não lancei muitos olhares a ele pois Éris em pessoa [?] estava presente na sala. Curvei-me para ela, silenciosamente, enquanto prendia minhas mãos às costas e concentrava-me para o que quer que ela fosse pedir a nós.

Hmm. Problemas, viagens expressas, aves coloridas. Um pouco incomum, de fato. Ao notar que a deusa já não estava mais lá, dirigi-me diretamente a Theon pela primeira vez. ― Cinco minutos. ― Não esperei sua resposta e voltei ainda silenciosamente para o meu quarto, para pegar o que achava necessário. Escolhi minha Corrente Negra, o colar com o Pomo de Ouro dado à mim por Éris, a armadura dos Anarquistas que virava um boné e um óculos que também fora me dado pela deusa. Enquanto me conferia no espelho (estava saindo em missão com um garoto, oras), dei um assovio curto e escutei um barulho parecido com um farfalhar de folhas. Atreyu, meu Dimon e um pedaço de minha alma, saiu de debaixo da cama na forma de um jovem tigre branco. Logo voltamos ao salão onde Theon já estava me esperando. Por que os garotos sempre se arrumam mais rápido que as garotas?

Abri um sorriso para ele antes de pular em um portal mágico negro que a nossa patrona nos deixou, para facilitar as coisas. Sério, viagem de portal mágico é algo meio enjoativo. Te deixa tonto e com um pouco de falta de ar. Ou seria apenas comigo, que sempre teve a resistência mais baixa? Bom, o que importa é que quando dei por mim, estava... Aonde é que era aquele lugar? Ah, um dos pontos turísticos mais famosos dos Estados Unidos. O Grand Canyon. Vi que Theon chegara aparentemente bem, então coloquei os óculos escuros, que apenas exerciam sua função normal, e olhei em volta. Estava esperando entender o porque de estar ali.

Armas Escolhidas / Poderes Utilizados:

OBS:

A boy, a girl...
and the Discord herself.

Apolo devia estar animado, nesse dia, pelo calor que estava fazendo. Minha primeira providência foi tirar a jaqueta, antes que sentisse estar sendo fritada no Arizona. Sim, um lugar um pouco inusitado. O que será que havia incomodado nossa senhora, Éris, por lá? Pretendia descobrir logo, pois estava vestida toda de preto e a alta sensação térmica realmente estava me fazendo sentir-me um pouco mal. Considerei rapidamente a hipótese de sair andando por ali, mas quando vi uma cobra sair praticamente de lugar nenhum, bem, entendi que algo estranho estava acontecendo, e era ali mesmo. Cobras... Não eram meus animais favoritos, mas existiam piores. Ela foi embora sem um segundo olhar interessado em Theon e eu, de forma que não devemos estar parecendo tão ameaçadores assim. Depois de garantir que Atreyu, meu Dímon, não acharia que seguir a cobra era mais interessante do que nossa missão desconhecida, descobrir de onde a cobra viera parecia algo essencial a se fazer.

Observei Theon aproximar-se da parede e atravessar o braço por ela. Levantei uma sobrancelha ao ver aquilo. Uma ilusão para manter os incautos longe? Talvez nós devêssemos ficar longe também, sussurrou uma voz no fundo da minha mente. Logo balancei a cabeça e olhei resoluta para a parede de terra. Senti que algo importante escondia-se ali dentro. Estreitei os olhos ao ouvir Theon falar algo, voltando a realidade. Não respondi, apenas segui-o devagar, pensando no que iria encontrar do lado de dentro.

Franzi as sobrancelhas. Não esperava encontrar algo como aquilo. Uma grande caverna com várias passagens, tochas, estantes... Será que alguém morava ali? Sério? Fui andando devagar, olhando em volta, mas cuidando para permanecer perto de Theon. Não seria nada divertido nos separarmos em lugar desconhecido. Eu tentava identificar as poções, mas não consegui. Isso me irritou um pouco, pois eu sou filha de Hécate. Distraída, quase choquei-me com Theon, pois não vi que ele tinha estacado. E estava observando uma senhora muito estranha... Ela parecia ser de uma idade bem avançada, e arrumava uma prateleira com asas, asas de vários tipos e tamanhos. Aquilo era estranho, muito estranho.

Quando o filho de Poseidon pediu que eu tomasse a dianteira e falasse com a mulher, eu encarei-o por alguns momentos. Pensei em discursar sobre o quão errado isso era, colocar uma garota de cara com uma senhora nem um pouco amigável. Mas dei de ombros, ainda em silêncio. Não importava, eu precisava descobrir algo sobre aquele lugar, antes que as coisas ficassem ainda mais estranhas. ― Ok, então. Mas me dê cobertura. ― Avancei dois passos em direção a ela, ainda mantendo uma distância aceitável, onde ela só poderia me acertar caso jogasse alguma coisa em mim. Ao mesmo tempo, coloquei a mão direita sobre o apoio de minha corrente, em minha cintura, onde poderia puxá-la com rapidez, caso precisasse, embora eu torcesse pra que não fosse necessário. ― Senhora? Poderia nos dizer... O que exatamente é esse lugar? ― eu não sabia direito como agir com ela, e torcia para que ela fosse amigável. Caso contrário, eu já estava psicologicamente preparada para atacá-la. E não iria sentir remorso algum com isso.