[Hunter Jane] Tente não virar a Bela Adormecida

Well, you can tell Jesus...

Por que as pessoas ficaram repentinamente tão preguiçosas e desanimadas? Era assim quase todo dia de festa. Parecia que quase todas as pessoas, ou dormiam, ou faziam missões, ou voltavam exaustas de missões, eu simplesmente não faziam nada. Exceto é claro os filhos de Dionísio que não perdiam uma festa por nada nesse mundo. Deme sempre me dizia que não eram as pessoas que ficavam repentinamente desanimadas, e sim era eu que me animava exageradamente quanto tinha uma festa a caminho. Eu não acreditava nela. - Acooorda! - gritei para minha gêmea, sacudindo-a até que ela abrisse os olhos - Preciso que feche meu ziper! - disse com um sorrisinho enquanto virava de costas para ela, que agora se levantava sentando-se na cama e praguejando algo em francês baixinho. Demetria sempre fora a mais simpática e doce das irmãs Pervensie, é claro que descontando os momentos em que ela estava com raiva pois nessas horas... Bem, digamos que não é lá a coisa mais agradável de se presenciar. É fácil deixar-se enganar pelo seu rostinho angelical, assim como eu e Bree, mas nós mais do que qualquer outra pessoa, sabíamos que aparência não é tudo... Embora odiemos admiti-lo.

Olhei-me no espelho assim que a garota terminou de fechar o ziper do meu vestido. O mesmo, era preto, e curto na medida certa, para ser sexy sem ficar parecendo uma garota de programa. Sorri para o espelho enquanto passava o batom cor de vinho, e depois passava cuidadosamente em meus longos cílios. Não precisava me dizer que eu estava linda, o espelho já fazia esse trabalho por qualquer um. Demetria, ainda coçando os olhos de sono, me perguntou aonde eu estava indo toda arrumada desse jeito, no meio da noite. Repreendi-a com um olhar. - Não é o meio da noite, você que dorme cedo demais. Eu vou para uma festa que uns filhos de Dionísio me falaram, que parece ser muito legal... - Respondi enquanto ajeitava o cabelo, piscando e mandando beijinhos para o espelho. - Não quer ir? - Acrescentei, agora me virando pra ela.

-Não, nem você. Ontem descobriram sobre essa festa, e as Harpias estão preparadas lá fora. Por mais que possam enfrentá-las, duvido que seja uma festa divertida enquanto lutam contra monstros horríveis... - Suspirei, enterrando o rosto nas mãos - Por que você não me avisou antes? - Disse com voz chorosa para a garota que revirou os olhos - Por que eu não sabia que você ia para essa festa idiota. Ahhh, relaxa, deve ter outra festa logo, logo... Só tira a roupa e a maquiagem e vai dormir. - Praguejei baixinho enquanto fazia o que Demetria dizia. Eu sabia que era muito provável que isso fosse verdade, e caso fosse, ela estaria coberta de razão, o que não me deixava nem um pouco mais feliz. Assim que já tinha trocado o vestido por meu costumeiro baby doll rosa, e tirado do rosto toda a maquiagem, deitei-me para dormir. - Queria poder sair desse acampamento idiota pelo menos uma vez! - resmunguei antes de cair no sono.

Sabe o que eles dizem. Cuidado com o que deseja? Bom... Eles não poderiam possivelmente estar mais certos. No dia seguinte abriram a cortina do chalé de Afrodite, deixando entrar uma incômoda claridade, que insistia em tingir o interior da minha pálpebra de vermelho. Abri os olhos, cobrindo-os com as mãos para poder enxergar sem ser cega pela luz que invadia meu quarto. - Já ia te acordar, Jane - Vi Bree dizer, enquanto vestia sua jaqueta de couro - Tem um bode aí querendo falar com você...

-Ahn? Oque...? - Disse sentando e me espreguiçando. Sim, eu sou desse tipo de pessoa que não consegue raciocinar direito, de manhã. Levantei-me da cama e fui atender a porta - Hm... Oi? - disse pro sátiro que estava parado lá fora. Isso não era exatamente o cumprimento mais educado, mas eu estava praticamente sonambula, então acho que não conta. Acho.

- Srta. Jane Pervensie, Quíron a espera para conversar sobre uma missão. - Ele disse simplesmente. Arregalei os olhos. Uma missão? Isso não era exatamente o tipo de saída do acampamento que eu esperava, mas já era alguma coisa - O que exatamente aconteceu? - Perguntei calmamente. Eu já havia ido em algumas missões, e inclusive derrotara 3 cães infernais e uma manticora no mesmo dia, mas mesmo pra mim, algumas missões eram demais. Apesar de eu confiar no bom senso de Quíron, sempre era bom saber antes de aceitar uma missão assim. O sátiro tossiu algumas vezes, limpando a garganta - Quíron prefere contar-lhe os detalhes por si mesmo, mas acredito que tenha algo a ver com dois garotos de Hypnos causando problemas.

Respirei aliviada - Avise a Quíron que me vou trocar e pegar minhas armas e estarei a caminho. - Sem mais nenhuma palavra entrei novamente no chalé, e fui me arrumar. Coloquei uma roupa simples. Um short jeans, e uma blusa rosa. Peguei meu fleuve d’étoiles, minha espada batom, e a caneta mágica que agora tinha a cor prateada. Guardei-os em mu bolso e parti pra casa grande. Fui ouvindo música, e cantando os refrões de "sexy, naughty, bitchy me". Cheguei na casa grande, como de costume, sem sequer bater na porta, e acenei "olá" para Quíron e sentar na cadeira a sua frente ouvindo atentamente enquanto o velho centauro explicava minha missão, apoiando a mão na testa enrugada de preocupação.

A missão não seria fácil. Até por que um dos campistas já fora lá e simplesmente desaparecera, esquecendo-se de quem é e do que faz, provavelmente não sobreviveria muito tempo sem experiencia e fora do acampamento, com tantos monstros por aí. Não demorei a aceitar a proposta de missão e em pouco tempo já estava saindo do acampamento. Embora diferente do que muitos podem imaginar, não peguei carona com Argos ou um Pégasu, mas sim saí direto para o aeroport JFK pegando um voo para Arizona. Seria de fato o caminho mais rápido se quisesse cegar lá antes de centenas de mortais estressados tivessem as vidas arruinadas.

Saí do aeroporto e logo "pedi emprestado" o conversível de um cara no estacionamento do mesmo. A viagem até o local indicado por Quíron não demorou quase nada. Passei pela paisagem árida, sem sequer prestar atenção no por do sol alaranjado que se recaía sobre a cidade. Sorri, enquanto o vento batia em meus cabelos, agitando-os no ar. Aos poucos foi se tornando visível uma placa. A mesma dizia: "Fazemos você esquecer de qualquer problema. Venha aqui e confira." Sim, esse era o lugar certo. Saí do carro, retirando os óculos escuros que usava e jogando a chave em cima do banco.

- E então vocês são os baderneiros dos quais eu tenho que dar conta? - Disse estalando os dedos com um sorrisinho malicioso - Isso vai ser interessante... - Os dois garotos que se encontravam atrás de uma bancada, saíram de lá também sorrindo e estalando os dedos tão agressivamente que pareciam filhos de Ares. Eram arrogantes. Isso os tornava uma presa fácil. Aliás, muitos poderiam dizer que eu tinha o mesmo defeito mas o que a maioria não sabia, é que não é a arrogância externa que contava, e sim a interna, coisa que eu não possuía.

- Ahh, foi você que o centauro velhote mandou? Uma barbie filha de Afrodite? Francamente eu esperava algo um pouco mais desafiador... - Ele sorriu cruzando os braços e acenando com a cabeça em direção a um frasquinho de poção que o outro pegava - Se quiser aquilo, terá que passar por nós.

Saquei o meu chicote e destampei a espada com a outra mão. - Vamos ver o que vocês dorminhocos podem fazer -disse chicoteando o irmão que estava mais perto. Este, por pouco se desviou do ataque, abaixando-se na hora - Nada mal... - ele disse acrescentando depois com um sorrisinho - ...Para uma Barbie. - Ele disse olhando fixamente para mim. Eu podia quase sentir a minha mente querendo ceder aos comandos dele, mas me prendi a resistência que tinha, fechando meus olhos e concentrando-me. Abri os olhos lentamente percebendo que a técnica de resistência havia funcionado e dei um sorrisinho. Os dois filhos de hipnos, me olhavam com os olhos arregalados - Sério que querem tentar hipnotizar uma filha de Afrodite? Pensei que fossem mais espertos que isso... - Disse soltando uma gargalhada alta enquanto chicoteava novamente o garoto, dessa vez atingindo-o e jogando-o contra seu irmão.

Eu havia os pego de surpresa, mas aquilo não duraria muito tempo. Os garotos se livraram do chicote, segurando-o e puxando-o para jogá-lo longe de minhas mãos antes que eu pudesse reagir. - É a nossa vez agora - Um deles disse. E então eles jogaram um pó. Sonífero se não me engano. Prendi a respiração, recusando-me a inalar aquilo. Se caísse no sono, certamente seria forçada a beber a poção do esquecimento. Mas era isso que eles queriam, me distrair. Com a respiração presa, eu era uma presa fácil. Fui forçada a cair para trás ao desviar do ataque da espada do garoto. A fumaça do pó do sono já havia se dissipado e eu já podia me respirar. Me levantei vagarosamente levantando a espada batom e deferindo um ataque contra Kirk, ou Lars... Ou seja lá quem fosse aquele irmão, mas esse, antecipando meu ataque, aparou-o com sua espada, e usando sua força me empurrou novamente para o chão aonde já me esperava o outro irmão, que colocou uma adaga em meu rosto e levantou a poção - É melhor você você ficar quietinha e beber a poção... Eu não ia querer ter que destruir esse rosto bonitinho que você tem...

O outro irmão já dava risadas. Aquele tipo de risadas que se dá quando se é vitorioso. Aquele tipo de risada que fazia o meu sangue borbulhar de ódio. E então eu sorri. - Você vai mesmo me matar? - disse chorosa - Mas, mas... Eu não fiz nada - passado o momento de choque o irmão que estava mais afastado percebeu o que eu fazia. Mas já era tarde, o outro já havia afrouxado a faca, hesitando antes de atacar. Foi o suficiente. Chutei-o pra longe, dando uma gargalhada louca - Bom... Isso foi divertido. Mas agora, eu cansei de vocês! - disse com um sorrisinho, louco e perigoso nos cantos dos lábios, enquanto retirava do bolso a caneta prata e escrevia no ar a palavra σεισμός. Um terremoto abalo o chão fazendo-os caírem. Não dando-os tempo de se levantarem, escrevi no ar a palavra νερό lançando esferas de água em direção as mãos dele, que rapidamente combinei com πάγος. A água nas mãos deles, congelou, formando esferas de gelos que serviriam de algemas por esse tempo.

Ativei então a aura do amor platônico. Já podia sentir a minha força crescendo, junto com o meu poder, apesar de eu estar enfraquecida pela luta. Era como se todos conspirassem a meu favor. Agradeci mentalmente a Calíope e Afrodite como sempre fazia ao término de uma missão. E guardei minhas armas no meu bolso enquanto me preparava pra o que viria a seguir. As ordens de Quíron eram claras. Eu devia fazê-los beber a poção. E era isso que eu faria.

Dei um sorriso enquanto pegava os dois dorminhocos, amarrando-os com o chicote e jogando-os no banco de trás do carro. Fui até eles segurando seus rostos com força e despejando na boca de cada um deles a poção que os mesmos criaram. Eles se debatiam enquanto o líquido entrava em contato com seus lábios. Eu até sentiria pena deles, se os mesmos não tivessem ameaçado a cortar meu rosto. E então eles pararam, começando a trocar olhares confusos entre si, e eu percebi então, que a poção já havia feito efeito - Eu sugiro que vocês tirem um cochilo, - eu disse, rindo da ironia nessas palavras -Vai ser uma longa viagem - disse seguida de uma risadinha, enquanto ligava o carro e partia em direção ao acampamento meio-sangue.

Poderes e Armas Utilizadas: